Um babete desfraldado
Eremita
No Entre as Brumas da Memória, que não é escrito por uma adolescente, um post resume bem o mundo em que vivemos. Uma pessoa revela no Twitter que Marques Mendes comia de babete quando ia jantar a casa de uns amigos, com a particularidade de o babete lhe ser colocado pela empregada doméstica. O interesse público desta informação é nulo e saber se o babete era de atilhos ou de velcro nada adiantaria, mas como dá uns tweets catitas, quem não a partilharia? É óbvio que antes das redes sociais esta informação ainda seria demasiado suculenta para não se ter também espalhado, mas a sua circulação seria mais restrita, o que faz toda a diferença. Agora reparem: a autora do blog que republica os tweets confia na veracidade do relato, como se só isso a levasse a ignorá-lo, porque vem de alguém de quem é "amiga no Facebook". Para a história ficar completa, só falta aparecer Inês Pedrosa num blog ou coluna de jornal a vociferar que Marques Mendes assediou moralmente a empregada doméstica ou até que estamos perante um caso de fetichismo exibicionista agravado pela participação involuntária de uma dominatrix, pois é bem possível que, a ter acontecido nos EUA, Marques Mendes já estaria a ser levado pela enxurrada do dilúvio weinsteiniano e nem a sua conhecida competência no bodyboard o salvaria. Naturalmente, também eu acabei a dar eco a este episódio irrelevante, incorporando-me como mais uma peça nesta engrenagem perversa a que ninguém escapa, a menos que desista de interagir com o mundo. Enfim, espero que não seja preciso revelar o que penso sobbre Marques Mendes, pois não vem ao caso.