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Eremita
(pub) A brief history of romance comics
- A nossa relação amadureceu, não acha?
- Porquê?
- Por causa do meu amante.
- Mas só me contou esta semana.
- E daí? Sinto que você está mais próximo. Já não o assusto.
- Nunca me assustou.
- Já não lhe peso.
- Nunca me...
- Não seja tonto. Julgava-me fácil.
- Você não era fácil.
- É verdade que me ofereci muito.
- O sexo já não vale nada.
- Acha?
- Partilha-se o corpo antes de se partilhar um segredo.
- O Zé disse-me que tem uma filha.
- Quem?
- O meu amante.
- Chama-se Zé?
- Chama. Porquê?
- Não é nome de amante.
- Que disparate. Que nome imaginou?
- Fabrice.
- Fabrice de Castro Verde?
- Não, só Fabrice.
- Faz-me rir. O Zé não me faz rir tanto.
- Podemos tratá-lo por Fabrice?
- Não seja infantil.
- Insisto.
- Ai... dizia-lhe que o Zé... o Fabriiiice confessou ter uma filha.
- É uma confissão?
- Foi logo depois de irmos para a cama.
- Sentia culpa?
- O Zé?
- O Fabrice.
- Sim.
- E a mãe da criança?
- A mãe morreu.
- Talvez seja melhor recuperarmos o "Zé".
- Quer ajudar-me a recuperá-lo? Que querido.
- Referia-me ao tratamento.
- Acha que ele precisa?
- À forma de o tratarmos...
- Não sei se é boa ideia você envolver-se tanto.
- Não percebeu nada.
- Você é tão querido. Meu... meu François.
- François?
- É nome de amigo, não é? Petite François.
- Petit.