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06
Out17

Padre António Vieira protegido por Skinheads


Eremita

O que leva a que Mamadou Ba seja apresentado como activista e as pessoas do outro grupo como neo-nazis? Eles não são activistas? Pelos vistos activam tanto quanto o senhor Mamadou Ba. É que isto de uns serem activistas e outros neo-nazis  já começa  a cansar. Helena Matos

Helena Matos está tão cansada que já se esqueceu do que uns "activistas" fizeram a Alcindo Monteiro e a José Carvalho. Em assassínios, o marcador regista: activistas neonazis 2 : activistas SOS-racismo: 0. Convém não esquecer. Não há equivalência moral possível. Quanto a importar as polémicas que andam a agitar os EUA e o Reino Unido sobre o racismo de figuras históricas, fazendo do Padre António Vieira um alvo, parece forçado e contraproducente, entre outras razões porque em relação aos negros o padre tinha a posição da Igreja da época. Não tendo chegado à sua estátua, Mamadou Ba vai propor a censura da obra de Vieira? Isto não vai acabar bem

5 comentários

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    Eremita

    11.10.17

    Parafraseando Pinheiro de Azevedo, não gosto que me tratem por niilista, é uma coisa que me chateia. O "esclavagismo" de Vieira já foi discutido por vários autores, a questão não é nova (podemos encontrar vários trabalhos online, sobretudo de autores brasileiros: http://anais.anpuh.org/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S22.035.pdf). Pelas leituras recentes que fiz, Vieira defendia a escravatura como a via possível para a salvação, ao mesmo tempo que criticava a crueldade dos senhores dos engenhos (e defendia os ameríndios). Não me parece forçoso aceitar a ideia de que a pregação de Vieira, naquele tempo, era a única forma de dar algum consolo aos escravos sem perturbar a ordem social. Nesse sentido, ele não terá sido um esclavagista que retira algum prazer sádico do sofrimento e humilhação dos escravos ou faz disso modo de vida, apesar do apelo ao conformismo. Outros e melhores exemplos de verdadeiros esclavagistas existem por aí.
  • Sem imagem de perfil

    caramelo

    11.10.17

    Sim, imensos já escreveram sobre isto e o interpretaram, mas o melhor mesmo é colocá-lo em discurso direto.

    “Oh! se a gente preta tirada das brenhas da sua Etiópia, e passada ao Brasil, conhecera bem quanto deve a Deus, e a sua Santíssima Mãe por este que pode parecer desterro, cativeiro e desgraça, e não é senão milagre, e grande milagre!”

    Porque é que isto é especialmente cruel, mais do que se saísse da boca de um senhor de engenho da época? Porque é uma legitimação da escravatura pela própria igreja e, mais do que isso, uma legitimação por alguém visto como defensor dos direitos humanos, o que nos faz pensar que sendo assim, pouca razão haveria para que os que não tivessem esses escrúpulos morais não continuassem tranquilamente com a sua acção de fornecer e aproveitar mão de obra escrava. Apenas isso. Não se está a dizer que o Padre António Veira era um homem mau ou que tivesse um especial prazer em ver os outros sofrer.
    A critica ao Padre António Vieira nem sequer tem de ser feita à luz dos valores atuais, com o estafado argumento do “era um homem do seu tempo”, mas à luz das suas próprias contradições e, sobretudo, à luz dos evangelhos, porque não seria difícil para alguém tão esclarecido como o padre ir buscar aos evangelhos alguma luz sobre o assunto.
    Há nisto tudo um mecanismo conhecido: faz-se uma acção de protesto, neste caso com a legitimidade acrescida de a pessoa que está à frente ser de origem africana e de ter sobre o assunto uma visão mais aguda, diferente do padrão corrente e “oficial”, pormenor de que toda a gente se está a esquecer. Como na nossa sociedade já passámos (devíamos ter passado) a fase em que há personagens sagradas e intocáveis, seguir-se-ia um debate histórico, que nunca seria tranquilo, obviamente. O que inquina a discussão é precisamente o discurso enviesado de quem acha que tem de vir em desagravo das ofensas ao padre, como se se tratasse de um familiar, ou como se se estivesse a atacar a Igreja, logo, a minar os fundamentos da civilização ocidental, a conclusão estratosférica habitual. Como ainda somos um bocado barrocos, e daí as tremurinhas com a sermónica do padre, não fazemos por menos. A discussão continua e amplia-se neste tom insuportável e pelo meio agitam-se bandeiras de Portugal e canta-se o hino.
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    Eremita

    11.10.17

    Já me passou pela cabeça entregar-lhe as chaves do Ouriquense...
  • Sem imagem de perfil

    caramelo

    11.10.17

    hã... ok, como é que eu devo interpretar isso? é bom ou mau? :)
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