Pacheco e a bola
Vasco M. Barreto
São raríssimas as pessoas que neste país têm a autoridade de Pacheco Pereira para escrever sobre futebol. Raríssimas. Nem sei mesmo se Pacheco Pereira não será o único que pode falar sobre a podridão que abunda no futebol. Para se escrever com lucidez sobre o futebol, convém não gostar de bola. Não estou sequer a pensar nos casos mais óbvios de conflitos de interesses, fanatismo grotesco e aldrabice descarada. Faz algum sentido perder tempo com uma pessoa que fale na qualidade de adepto de um clube, por muito que passe a ideia de integridade e decência? Devemos ouvir o Marques Lopes, o Adão e Silva, o Sousa Tavares e o Daniel Oliveira? Não será que a condição de adepto os desautoriza imediatamente? O "presidente adepto" poderá ter sido um epifenómeno que ficará para sempre associado ao efémero Bruno de Carvalho. Já o comentador adepto é uma figura tão omnipresente e perene que nem imaginamos o mundo a funcionar de outro modo.