O que é um bom artigo?
Eremita
OF COURSE, there’s a Crisis of Truth and, of course, we live in a “Post-Truth” society. Evidence of that Crisis is everywhere, extensively reported in the non-Fake-News media, read by Right-Thinking people. The White House floats the idea of “alternative facts” and the President’s personal attorney explains that “truth isn’t truth.” Trump denies human-caused climate change. Anti-vaxxers proliferate like viruses. These are Big and Important instances of Truth Denial — a lot follows from denying the Truth of expert claims about climate change and vaccine safety. But rather less dangerous Truth-Denying is also epidemic. Astrology and homeopathy flourish in modern Western societies, almost a majority of the American adult public doesn’t believe in evolution, and a third of young Americans think that the Earth may be flat. Meanwhile, Truth-Defenders point an accusatory finger at the perpetrators, with Trump, Heidegger, Latour, Derrida, and Quentin Tarantino improbably sharing a sinful relativist bed. Steven Chapin, LARB
Quando, há uns dias, o Caramelo me perguntou por que motivo eu considerava Vasco Pulido Valente e Alberto Gonçalves bons prosadores, não lhe respondi, talvez por não ter uma boa resposta. Aprecio a forma como escrevem, a secura do primeiro, o humor do segundo e a economia de ambos, mas o seu pensamento não oferece nada de surpreendente, é mesmo de uma previsibilidade que poderíamos associar a um programa de computador pouco sofisticado — como também encontro exemplos de previsibilidade à esquerda, peço que não me aborreçam com reparos sectários. Talvez seja isto o que se pede a um cronista: mais do mesmo, como num folhetim. Mas o domínio da prosa não faz um bom artigo. VPV e Gonçalves enchem chouriços para os fãs, sem a menor vontade de debater, esclarecer ou questionar. Serão uns cínicos de sofá. Pacheco Pereira é o exemplo contrário: não escrevendo particularmente bem e tendo acumulado vários vícios de pensamento, ainda assim costuma haver razão e informação nas suas crónicas. Quanto ao artigo cujo primeiro parágrafo resolvi citar, julguei-me capaz de adivinhar o resto da lengalenga da pós-verdade e armei um bocejo, mas enganei-me. O artigo ataca as ideias feitas bem pensantes sem ser boçal ou caprichoso e surpreendeu-me várias vezes. Não sei ainda se o homem resolve bem a confusão que armou, mas voltarei ao tema.
PS: Caramelo, desculpa, não estava esquecido. E é verdade que ando mais ocupado do que é costume.