O drama antes e depois da nova PGR
Eremita
Primeiro, mostraram vontade. Depois, fingiram recuar, por entre notícias contraditórias. Finalmente, na noite das facas longas do regime, deram o golpe, e despediram a Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal. Atreveram-se mesmo. Rui Ramos
O dramatismo investido na nomeação do Procurador Geral da República (PGR) atingiu o ridículo nesta passagem de Rui Ramos, o grande denunciador da "oligarquia". Pergunto-me o que daria um combate entre Ramos e a sua némesis, Valupi, o grande teórico da conspiração contra Sócrates e - insiste ele - o PS. Não resta a menor dúvida de que as visões do mundo que têm Ramos e Valupi são mais interessantes do que a realidade. Também as alucinações são mais interessantes do que a realidade, os sonhos do que a higiene matinal, a miragem do que o deserto. Enfim, as crianças vão continuar a brincar às conspirações, a rapaziada do Expresso vai manter a tradição das manchetes que não se confirmam e, entretanto, os adultos decidiram, creio que bem.
Por mim, depois de Joana Marques Vidal, seria agora bom que Carlos Alexandre saísse do caminho do ex-PM, pois é a melhor forma de afastar dúvidas quanto à justeza da decisão final. Para Portugal, o único final feliz possível para a incrível operação "Marquês" é a condenação de Sócrates num julgamento exemplar, livre de qualquer suspeita. Qualquer outro desfecho é trágico para o país. Mas Ramos e Valupi, cada um à sua maneira, querem outros finais, que são diametralmente opostos, e tudo farão para servir os seus interesses sectários. Trocarão agora Ramos e Valupi de papéis, pelo menos até se perceber o rumo da nova PGR? Não sabemos. Mas a dramatização está garantida, pois, sendo imune à realidade, não depende do comportamento da nova PGR.