Neblima sobre a demissão de Pedro Santos Guerreiro
Eremita
Pedro Santos Guerreiro deixa de ser o director do Expresso, por decisão tomada entra a administração do Grupo Impresa e o próprio. O director-geral de Informação da Impresa, Ricardo Costa, assume a direcção do Expresso de forma “interina e temporária”.
A notícia vem na sequência do pedido de demissão formulado por Vítor Matos, editor de Política daquele semanário, que contestou o facto de uma recente edição da newsletter ter aparecido assinada por si, quando - por esquecimento seu - tivera de ser redigida por outros elementos da redacção.
Segundo o Público, que aqui citamos, Pedro Santos Guerreiro disse que “não foi esse episódio que motivou a sua saída”, mas que quis abandonar o cargo porque “deixou de sentir o apoio da redacção”. Clube de Imprensa
Quando a notícia é o jornalista, o jornalismo torna-se críptico. Jerónimo de Sousa acharia esta regra pateta e diria muito simplesmente: "em casa de ferreiro, espeto de pau". Neste momento, há por aí notícias que nos dizem que Pedro Santos Geurreiro (PSG) foi demitido e outras que dizem que ele se demitiu. É possível que ambas as notícias estejam correctas, sendo de admitir o cenário em que, pressentindo o veredicto do grande chefe, PSG tenta antecipar-se e diz que se demite exactamente no mesmo momento em que é demitido. Também é verdade que sabemos agora que no Expresso de PSG houve pelo menos um episódio em que o jornalista que assinou a notícia não a escreveu. Isto é muito relevante. Quantas vezes esta prática se repetiu para que as páginas ficassem bem compostinhas? Não sabemos. Mas o mais frustrante é que, segundo PSG, "não foi esse episódio que motivou a sua saída". Então foi que "episódio"? Alguma vez se saberá? PSG vai explicar-se na sua próxima coluna do Expresso com uns trocadilhos e umas aliterações, naquele estilo tiki-taka da prosa travadinha de frase curta mas tão a rebentar de pathos que ao segundo parágrafo começamos a ouvir na cabeça uma banda sonora pastosa e épica? Ou estará o caso arrumado? Se PSG não quer alimentar os boatos sobre os Panama papers e o Expresso que tanto despreza, é bom que se explique.