Livros como negócio
Num dos meus passeios por livrarias online, deparei-me com um sucesso de vendas intitulado Nada Menos que Tudo, da autoria do misterioso Afonso Noite-Luar, que surge na primeira badana do livro com uma máscara que remete para algo entre o sado-masoquismo e a orgia sexual sofisticada à Eyes Wide Shut. A prosa é erotismo para elas segundo um gajo, um género ainda órfão de crítica mas que aparentemente "desperta o desejo das mulheres portuguesas". É publicado pela Manuscrito.
A Contraponto lançou uma biografia à la minute de Salvador Sobral, escrita por Maria Milene Tavares, uma daquelas empreitadas em que é notório o esforço para se chegar a uma lombada com espessura de livro, dada a escassez dados e análise, o que é conseguido com letra gorda, muitas fotos, recortes de jornais e extras como as classificações das canções portuguesas nos festivais da Eurovisão. Bruno Vieira do Amaral assina um prefácio desequilibrado e banal, que não lhe deve ter tomado mais de 10 minutos a escrever em multitasking. Salvador Sobral não aprovou a publicação, mas como toda a informação referida é pública, não se pode dizer que se trata de uma "biografia não autorizada".
Por fim, como reflexo da bolha ideológica que é o Observador, deixo-vos a deliciosa capa do último conjunto de crónicas de Alberto Gonçalves, que malha na esquerda como a direita gosta e tem escrito sobre a "a calamidade política que atingiu Portugal". Publica a Matéria-Prima Edições.
Sexo, arte e política. No fundo, o que importa na vida. Parabéns às editoras.