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22
Set17

Ideologia de género: os extremos tocam-se na ignorância


Eremita

A ideia base é a de que ‘o género’ é uma orientação que deriva da cultura e não da biologia (feministas como Camille Paglia e Germaine Greer contestam-na violentamente); trata-se de um ‘sentimento’ de pertença, que até pode (como ‘sentimento’, portanto) mudar mais tarde e, creio eu, reverter depois, de acordo com a ‘sensação’ dominante. Francisco José Viegas

  

Para os promotores da ideologia de género, o sexo é uma construção social ou "psicossocial", como se lê no projecto de lei do Bloco de Esquerda que reconhece o direito à autodeterminação de género. Esta tese parece ser essencial para se deixar de considerar a disforia de género uma doença. No campo oposto, os críticos da ideologia de género argumentam com um determinismo biológico simplista e ultrapassado, tanto na distinção binária inequívoca como na definição do sexo a partir do par de cromossomas sexuais. Por exemplo, veja-se o vídeo em que José Manuel Fernandes, recorrendo à teoria da evolução, afirma peremptoriamente que os homens são XY e as mulheres XX - a coisa está para lá de mau jornalismo, é mesmo má propaganda. Não tenho vagar para descrever a complexidade biológica associada à determinação do sexo (este artigo na Nature é excelente), mas basta lembrar que há homens XX, pessoas com uma genitália feminina que têm cromossoma X e outro Y e vários casos de intersexualidade em que a atribuição do sexo a partir das características físicas não é óbvia, nem se clarifica com a análise da composição cromossómica. Enquanto não for trágico, o resultado é curioso: a discussão pública está refém dos pólos definidos pelos ideólogos da ideologia de género e pelos ideólogos da ideologia contra a ideologia de género. Os primeiros ignoram a biologia; os segundos usam uma biologia de café. Resta esperar que quem tem disforia de género consiga sobreviver à militância identitária e à reacção daqueles que aproveitam a ocasião para espadeirar contra os seus inimigos de estimação, como a mão do Estado (Viegas), o politicamente correcto (José Manuel Fernandes) ou o pós-modernismo (Paulo Tunhas), com a ligeireza de equiparar uma transição de sexo, que implica uma coragem e determinação inimagináveis, a um mero capricho. 

 

 

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