Genealogia da imoralidade
Eremita
Tantas notícias sobre a Raríssimas e ainda nenhum jornalista se lembrou de relatar como surgiu esta associação. Pode não ser parte da explicação para o que está a ser alegado, mas é seguramente parte da história. Mexam-se, cambada de preguiçosos.
Adenda I: Em casa, disseram-me que na reportagem original da TVI é referido que a Raríssimas foi criada pela sua ainda presidente, e que a grande motivação foi o seu filho, vítima mortal de uma doença rara. Por isso, encolhi a última frase do post - como quem enfia a viola no saco. Mas a tese continua válida e é muito simples: quando uma associação nasce nestas circunstâncias, aumenta a probabilidade de a sua fundadora e presidente se atribuir uma legitimidade indevida e de os mecanismos de fiscalização ficarem limitados por um cuidado em não pôr em causa quem tem a biografia ideal para fundar uma associação de apoio a crianças com doenças raras. É claro que a posteriori esta (alegada) falha de fiscalização é indesculpável, mas não surpreende que aconteça.
Adenda II: 1. O jornalismo da TVI marcou muitos pontos com as reportagens sobre a Raríssimas e o tráfico de crianças adoptadas pelos patifes da IURD (o sucesso desta igreja depois da divulgação, há muitos anos, de um vídeo em que o líder da quadrilha Edir Macedo ensina como roubar os fiés é o verdadeiro mistério da fé).
Adenda III: Vieira da Silva precisa de explicar melhor o que se passou. Não me custa aceitar que a carta recebida pelo seu ministério não chegou à sua secretária, mas esta história está mal contada: "Vieira da Silva recusou, na conferência de imprensa que deu no ministério, ter tido conhecimento de alguma denúncia de gestão danosa. “Nunca foi entregue, a mim próprio ou ao gabinete da secretária de Estado ou ao ISS denúncias de gestão danosa”, diz o ministro. Mas a verdade é que, ainda durante o verão, o Ministério da Solidariedade, Segurança Social e Trabalho (MSSST) recebeu uma denúncia de um dos tesoureiros em que se dava conta de problemas no setor financeiro da Raríssimas — simplesmente, não era utilizada a expressão “gestão danosa”, de que o ministro se socorreu para negar ter sido avisado." Observador
Adenda IV: Pareceu-me importante frisar que Daniel Proença de Carvalho NÃO pertence ao conselho consultivo da Raríssimas.
Adenda V: Entretanto, o Secretário de Estado da Saúde demitiu-se, o que significa que Vieira da Silva mantém o lugar e que os blogs incondicionalmente apoiantes de um qualquer partido não são grande coisa na arte do prognóstico.