Crítica dos críticos da crítica
Eremita
Os blogs Horas Extraordinárias e Homem à Janela são antitéticos. O primeiro é escrito por alguém que está dentro do sistema e até, de certa forma, tratando-se de uma editora, é o sistema; as ideias, simples e familiares, são expostas de forma clara e pontual, sendo o leitor tratado como um bebé a quem precisamos de levar a colher à boca a horas certas. Sem surpresa, este blog criou uma comunidade de comentadores muito simpáticos. O segundo é escrito por um outsider que lança ataques às fundações do sistema (o nacional) nunca se sabe quando e induz insegurança e assombro no leitor, pela exibição de cultura e inteligência. Também sem surpresa, este blog não é popular. Em suma, o que temos é um choque entre um nanny blog e um blog revolucionário.
Há alguns dias, apareceu no blog Homem à Janela uma crítica à crítica literária elogiosa, a propósito do mais recente livro de crítica literária de João Barrento. Pareceu-me um texto mais substancial do que as habituais críticas da crítica, que - há décadas - incidem sobre a pequenez do meio literário português e a sua endogamia, um filão que deveria ter sido esgotado por João Pedro George, mas que se pressente eterno. Será que alguém leu o texto? Ainda há críticos literários, literatos e académicos por aí, não há (1, 2, 3, 4, 5, 6 ...)? Ninguém comenta? Ninguém se esforça um pouco? Estamos condenados aos nanny blogs e às sebentas da escrita bonitinha?
Continua. Entre outras coisas, faltam muito links. Isto vai ser um repto.