COVID-19: a boa e as más notícias vindas da Califórnia
Eremita
These prevalence estimates represent a range between 48,000 and 81,000 people infected in Santa Clara County by early April, 50-85-fold more than the number of confirmed cases. Conclusions The population prevalence of SARS-CoV-2 antibodies in Santa Clara County implies that the infection is much more widespread than indicated by the number of confirmed cases. Population prevalence estimates can now be used to calibrate epidemic and mortality projections. Fonte
Este estudo serológico demonstra que a percentagem de infectados é muito superior aos números dos testes de diagnóstico. Só podia ser assim, porque estes números dependem do esforço de amostragem e só dão resultado positivo quando a pessoa tem uma infecção activa (uma vez curada, o teste diagnóstico para o RNA do vírus será negativo). A grande questão é saber qual a percentagem de imunização natural nas populações. Já tínhamos os 14% de imunizados de uma pequena povoação alemã. Agora, num estudo com mais amostras e em que foi amostrada uma grande área urbana, concluiu-se que pode haver até 80 000 pessoas seropositivas para o SARS-CoV-2, ou seja, tendo em conta que que naquela área vivem 1 928 000 pessoas, a percentagem de seropositivos no princípio de Abril seria de cerca no máximo 6%. Curiosamente, 6% é um número que bate certo com o de um outro estudo. A boa notícia é que vamos chegar aos 60% (imunidade de grupo) mais depressa do que se pensava. As más notícias são três: 1) se morreram mais de 100 000 pessoas para conseguirmos 10% de imunidade, um cálculo grosseiro diz-nos que morrerão mais de 600 000 mil até chegarmos aos 60%; 2) o cálculo é mesmo grosseiro, pois é praticamente impossível que em muitos dos mais populosos países a percentagem de seropositivos esteja nos 6%, tendo em conta o número oficial de mortos de COVID-19 nesses países; 3) tomando por comparação as outras doenças recentes provocadas por coronavírus, a imunidade destes seropositivos desaparece rapidamente.