Bruno Candé Marques
Vasco M. Barreto
É estúpida a ideia de que um branco só mata um negro se for racista. Estúpida e ofensiva para os negros, acrescento. Porém, com o que foi já apurado a partir de relatos de lojistas que nem sequer eram amigos da vítima, é evidente que o assassino de Bruno Candé Marques andava a incubar ódio racial. À PSP pode dar mais jeito outra tese que previna a escalada de violência e talvez por isso tivesse insistido na irrelevante ausência de comentários racistas no momento em que o crime foi cometido ou posto a circular a hipótese da agressão prévia de Candé ao homem que depois o matou. Sem pôr em causa a importância de apurar o que realmente aconteceu, que conclusões devemos tirar caso se confirme a eventual agressão prévia de Candé? A jornalista do Observador inventou já uma dicotomia absurda: racismo ou vingança? Pelos vistos, é preciso lembrar que muitos casos de linchamento de negros nos EUA foram de racismo e vingança. A vítima de linchamento era frequentemente acusada (de modo fraudulento ou não) de assassínio ou violação.