As Mulheres na Ciência
Eremita
A escolha de Mónica Bettencourt-Dias para directora do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) é uma excelente notícia, que nos obriga a uma reflexão sobre a imagem da mulher na ciência. Ao contrário do que os mais distraídos poderão pensar, a nomeação de uma mulher para a direcção de um instituto de ciência não é uma novidade. Aliás, os três principais institutos de biomedicina de Lisboa são dirigidos por mulheres: além do IGC, a Fundação Champalimaud é dirigida por Leonor Beleza e a directora do Instituto de Medicina Molecular é Maria Mota. Para os mais cépticos, que verão este facto como uma improvável coincidência, lembro também que o mais prestigiado prémio nacional (o Prémio Pessoa) foi mais vezes atribuído, na área da ciência, a mulheres (Maria de Sousa, Maria do Carmo Fonseca e Maria Mota) do que a homens (Manuel Sobrinho Simões e João* Lobo Antunes). Exceptuando Leonor Beleza, que chega a um cargo de poder por contingências pouco habituais, todas as outras mulheres destacaram-se primeiro como cientistas e as insinuações que já li por aí sobre o nome "brazonado" da nova directora do IGC são ignorantes e absurdas; ninguém da área da ciência negará que os percursos destas mulheres são exemplos perfeitos de uma meritocracia a funcionar. Que isto tenha acontecido num país católico e patriarcal, apenas há pouco mais de uma geração saído de uma ditadura, parece-me suficiente para celebrar e perguntar por que motivo não está a acontecer tão depressa noutras áreas da sociedade.
Tenho muito mais a dizer sobre o tema, mas o montado não pode esperar. A despropósito, relembro que procuro um parceiro para um negócio de produção de porco preto alentejano.
* Ver comentários. Por vezes introduzo erros nos meus textos para testar a concentração dos leitores.