António Rolo Duarte e a embriaguez liberal
Eremita
Creio que o João Miguel Tavares (JMT) não lê o Ouriq. Mas se daqui de conseguirmos chegar ao grande cronista da nação, fica o pedido para que dedique uma crónica ao extraordinário António Rolo Duarte (ARD), um jovem arrivista com pedigree e excesso de auto-estima que caminha a passos largos para se tornar uma das personalidades mais insuportáveis da sociedade portuguesa (já esmaga na categoria abaixo dos 30 anos). Já há algum tempo, na rubrica Extremamente Desagradável, a perspicaz Joana Marques topou a lata desta figurinha, mas não vamos lá com piadas; o caso pede mesmo a marreta respublicana do Tavares. E nesta angariação de fundos de que o Tó se lembrou enquanto decorre um concurso para a bolsa da FCT a que concorreu há tudo para o verbo e os títulos ad hominem de JMT funcionarem: ressentimento social, privilégio de classe, desonestidade, abuso de confiança, falta de noção. Como estamos na silly season e a COVID-19 deixou de dar visualizações, talvez dê mesmo jeito a JMT cumprir uma crónica afinfando neste jovem. Mas não sei se o fará. Porquê? Porque ARD ter-se-á precipitado neste crowdfunding de contornos quasi-fraudulentos não por ser um grande aldrabão mas devido ao preconceito liberal de que o Estado (entenda-se, a FCT) funciona sempre mal. Ora, sendo evidente que a FCT tende a funcionar mal, a história contada por ARD no vídeo é uma inverdade, como aqui se explica (nem houve adiamento da bolsa, nem ARD pode falar como se já tivesse uma bolsa a que apenas se candidatou). Este ângulo, isto é, como o liberalismo e o panca do empreendedorismo de sofá podem baralhar uma jovem cabeça e levar ARD a liberalidades insensatas, não será muito do agrado do JMT, porque consta que só as ideias de esquerda conduzem os jovens ao disparate.