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OURIQ

Um diário trasladado

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23
Set19

A hora do porco


Dr. Fausto Gomes

Conterrâneos de Ourique, ouriquenses na diáspora, amigos de Ourique, 

A fileira do porco alentejano encontra-se perante uma oportunidade que nos imortalizará com nome de rua ou produzirá gerações de proscritos que pagarão cara a cobardia e inépcia dos seus antepassados. 

Com a má imprensa que os bovinos vão tendo pela sua contribuição para as emissões de carbono, será impossível continuarmos a tratar a posta mirandesa como a carne ex-líbris da nossa gastronomia. A alternativa natural é a carne de porco alentejano, os seus presuntos, os seus enchidos de longa duração. A pegada de carbono do  porco é compatível com a emergência climática e a necessidade de valorizar as terras. A montanheira, essa errância pelo montado em busca de landes e bolotas, numa liberdade que qualquer funcionário público invejaria, permite-nos destrunfar veganos e outras aberrações citadinas. António Costa disse que temos o melhor peixe do mundo? Será que temos? Quem fez tal avaliação? Não transformemos slogans publicitários em directrizes. O'Neill escreveu: "Sigamos o cherne". Mas porquê? Não transformemos os delírios de um surrealista mulherengo em desígnio nacional. Amigos, a única certeza é esta: temos o melhor porco alentejano do mundo! 

O porco alentejano não vencerá apenas porque a vaca já perdeu. O porco alentejano vencerá porque a China continua a ganhar. Os chineses adoram carne de porco e o aumento do poder de compra e dimensão da classe média-alta chinesa criou um mercado de sonho. Como se não bastasse, desde 2018 a peste suína africana já deu cabo de mais de um milhão de porcos na China. O nosso Governo sabe? Será que Lisboa entende que o porco alentejano é o futuro? Eis uma carne livre de pecado, uma carne de um animal cuja história se confunde com a do nosso povo, uma carne que transformamos em produtos de eleição e fáceis de exportar, como os enchidos, os presuntos e as paletas, iguarias ideais para um mercado em que a carne será, cada vez mais, consumida em ocasiões especiais.

Naturalmente, Ourique e a ANCPA têm de liderar este movimento, federando todas as forças do Alentejo. 

Nada temos contra a vaca, mas tudo faremos pelo porco!

Disse.

 

 

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