Do convento dos Capuchos para o mundo lusófono, via Ourique*
Eremita
Jaime, o único surfista de Ourique vivo, aceitou passar a semana na Costa da Caparica, com dormida assegurada (telefonei a um amigo) e diária paga (35 euros). A sua única obrigação é subir todas as noites ao Convento dos Capuchos, telefonar-me e deixar o telefone ligado durante todo o concerto. Há alguma tirania na frase "desliguem os vossos telemóveis".
De momento preparo o material que recebi ontem; o Ouriquense estará até sexta por conta deste evento e considero tentar um texto de antologia. É que o guitarrista, agora que penso nisso, é o único músico que molda o corpo ao instrumento. Seríamos capazes de reconhecer um guitarrista numa pilha de corpos. Pois bem, quero fazer por eles aquilo que Patrick Süskin quase conseguiu com um pobre contrabaixista, mas segundo uma perspectiva de classe, evitando o registo solipsista do Patrick. Esta euforia explica-se por ter escutado ontem a sublime Tango Suite. Oiçam o terceiro andamento. Tem provavelmente a linha melódica mais lírica alguma vez escrita para guitarra. Os mais ocupados podem começar no minuto 4' 25''. A melodia é tão bela que pede um da capo, mas depois nunca volta e fica-se muito carente, como quando vemos uma mulher sublime no metropolitano que não volta a aparecer. Ao menos aqui dá para fazer replay.
* tmn