Da monogamia tecnocrata
Eremita
Uma população que perca tempo que a inventar uma nova paixão, a investir nos rituais de sedução, a viver o pico do amor, logo seguido pela ruptura e depois o luto, antes de iniciar um novo ciclo, terá índices de produtividade tão baixos que inviabilizará qualquer Programa de Governo. Neste sentido, o investimento na natalidade, como reforço da monogamia, tem consequências imediatas e não apenas no prazo de uma geração. Isto resolve um paradoxo, agora apenas aparente, que era o investimento a mais de 5 ciclos eleitorais de distância. Mas o mais interessante é pensar de que forma cada cidadão interioriza esta regra, isto é, de que modo o amor é conscientemente remetido para um plano secundário, não por um qualquer trauma passional, paixão não concretizável ou medo, mas simplemente porque a procura de uma carreira profissional ou de um projecto de vida que exige tempo exclui os ciclos passionais. Antes de deixar Lisboa relacionava-me com muitas pessoas que pareciam agir deste modo, mas não houve tempo nem teria sido cortês perguntar-lhes se o faziam em consciência.