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Eremita
KARL: um alemão nos trópicos ou até em clima temperado é quase sempre descrito como um patife. Este estereótipo é tão forte que dir-se-ia estarmos perante um arquétipo junguiano. A equivalência entre o alemão expatriado e a sua condição de patife está em todo o lado: de Brideshead Revisited, de Waugh, com Kurt, o degenerado desertor que se torna companheiro de Sebastian em Marrocos, à telenovela Chuva na Areia, baseada num livro de Sttau Monteiro, com Heins Neuber, o alemão que sua em bica e capa Caniço, passando inclusive pela realidade dos nazis foragidos para a América do Sul, com Josef Mengele e outros que seria fastidioso enumerar. Há evidentemente excepções, como o respeitado Rommel, a Raposa do Deserto, mas Karl, que pelas suas palavras "travels light", não se consegue ver livre de um fardo pesado e nem o facto de trabalhar para uma ONG em África, que faria de qualquer outro uma espécie de santo laico, parece redimi-lo. Tanto é assim que Mónica avisou-me logo: "he comes across as someone rude, but..."