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Eremita
(pub) A brief history of romance comics
- Está mais magro, sentiu a minha falta?
- Outras arrelias. Andou desaparecida...
- Culpa de um amante de Castro Verde.
- Só pode estar a brincar.
- Ciúmes do meu amante?
- Não.
- Estava habituado ao meu marido, era?
- Não.
- A julgar pela sua cara...
- Precisava de ser de Castro Verde?
- Mas que embirração tem você com Castro Verde?
- É uma apropriação da geografia.
- Vejo que não perdeu as manias.
- ...
- Não vai perguntar mais nada?
- Está bem de saúde?
- Sobre o meu amante...
- Bem, é um homem de Castro Verde. Isso basta.
- Sabe como o conheci?
- Ele parou o carro e ajudou-a a mudar um pneu.
- É adivinho?
- Vi que tem um pneu mais novo no Range Rover.
- Perspicaz. Mas mesmo assim...
- E se tivesse sido na internet não contaria.
- Seria pouco romântico, não acha?
- Estou retirado.
- Mas não tem uma opinião?
- Não.
- Não?
- Tenho. Mas não é a que quer ouvir.
- Diga lá.
- Não. Não me interessa discutir esse assunto.
- Amuou?
- Não.
- Quer conhecer o meu amante?
- Livre-se de o trazer a Ourique.
- É uma ameaça?
- Serei mal-educado.
- Isso é de frouxo.
- Tenho ouvido os líderes do PS na TV.
- Ai, gostava tanto que dois homens lutassem por mim.
- Não seria por si, seria contra Castro Verde.
- Como no tempo dos reis e das rainhas.
- Perdão?
- Por uma mulher se conquistava e perdia um reino.
- Castro Verde é freguesia.
- O meu amante deseja-me.
- Isso é bom.
- Você não sente a minha falta?
- Não.
- Nada?
- Nada.
- Não acredito.
- Lamento.
- Julga-se superior, não é?
- Não.
- Não importa. Podemos ser só amigos.
- ...
- Sim?
- Preciso de ir jantar com o seu amante de Castro Verde?
- Não.
- Então está bem.