Self-serving
Eremita
O Judeu disse-me que se publica demasiado em Portugal. Falávamos de ficção, mas pensei logo se a sua opinião seria causa ou consequência do facto de ele próprio não tentar publicar uma linha sobre a máquina do movimento perpétuo desde o episódio em que submeteu à revista Nature o manuscrito On the hidden motion of quiet objects, que após dois anos de rejeições acabaria por surgir em 1983 com o título Do movimento das coisas paradas: Para uma Refundação do Conceito de Inércia, na revista da associação de estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, à época impressa em offset. Houve um tempo em que não pensava no motivo que as pessoas têm para as opiniões que sustentam. Hoje, tudo me soa a convicção pessoal, mas não no sentido corrente de ser profunda e não admitir compromissos, antes no sentido de ser interesseira. Em inglês não soa apenas melhor, é também mais rigoroso.