Preocupações à Luiz Pacheco e outra preocupação
Eremita
Tenho 300 euros na conta, estou desempregado e esqueci-me de passar um recibo para o único trabalho pago que fiz desde que cheguei a Ourique (uma crónica para uma publicação lisboeta que me teria rendido 200 euros). Disponho ainda de um fundo de $3200 nos EUA, mas os entraves burocráticos são tantos que não sei como lhes chegar a mão.
É altura de apostar na agricultura de subsistência e pôr a horta a render. Também há perdizes no Cotovio e com a pontaria que consegui afinar ao longo de tantos meses a apontar a drageias, aposto que consigo matar algumas com a flóber, sem precisar de arranjar ilegalmente uma caçadeira. Em todo o caso, é sabido que a falência financeira pode ser prelúdio para a falência moral e considero seriamente a hipótese de começar a cultivar canábis (Cannabis sativa indica) na parte mais recôndita da horta, protegida de olhares indiscretos por um pequeno canavial e algumas árvores de fruto decrépitas. Mas o que me incomoda realmente nisto, afinal? A lei. Não. Estou-me cagando para a lei. Preocupa-me o que pensaria o meu avô materno.