Sem mãos para as maionetas
Eremita
Vai para quase 6 meses que não escrevo sobre Ricardo Chibanga. Cruzo-me com ele todas as semanas, há uns dias houve uma troca de palavras interesssante sob uma das laranjeiras públicas e, pensando bem, não preciso sequer de falar com ele para ter assunto, pois um fato de luzes no cinzento que caiu sobre Ourique é assunto para toda a estação, mesmo não cedendo esta casa ao realismo mágico. E Adriano? Alguém se lembra de Adriano? O próprio Adriano deixou de saber quem é (é o filho do Judeu). E o filho de Tatiana e Igor, já que estamos em toada de varões? Perdi o seu primeiro ano de vida (nasceu a 23 de Dezembro de 2009) de ... raios, esqueci-me até do nome do miúdo e não tenho sequer a atenuante de uma doença, nem de um recrutamento militar forçado para levar a democracia a algum canto do planeta. E Tatiana? Incapaz de lhe escrever uma carta de amor genuína, recorri a um pastiche (praticamente uma tradução) da carta que o Cavaleiro da Triste Figura escreveu a Dulcineia e Sancho não chegou a levar no bolso, nem na cabeça. Não é assim que se ergue uma ficção. Fiz o cenário e tenho os figurinos, mas as personagens estão todas pelo chão. Enquanto houver alguns emaranhados por resolver, não sobrarão cordéis para atar aos braços da minha senhora, para que dance - até Kizomba, que sais-je? - como merece. Pelo menos creio que o Igor já está arrumado, embora ficasse mais descansado se já tivesse terminado o relato do que aconteceu por Espanha.