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Eremita
A árvore que me dará os russos não é um castanheiro, é um plátano. Foi preciso sonhar com o Minho e as levadas da ilha da Madeira para me lembrar que os frutos destas árvores diferem. Não percebo ainda como pude confundir um plátano com um castanheiro. Talvez para me punir, disparei esta tarde sobre os comprimidos da última caixa. Comecei este exercício há semanas e não fui muito regular, mas estourei dezenas de comprimidos e hoje, como já há uns dias, inspeccionei o chão em redor do muro onde o equilibrava sobre pingos de mel. A tese que pretendia provar é a de que estes comprimidos fazem o solo estéril. Que são maus para a natureza e que fulminá-los é preferível a tomá-los. Não foi o que vi. Aliás, em rigor, naquela quadrícula de terreno perto do muro crescem agora umas flores muito pequeninas que não havia ainda visto por aqui, nem sequer na última inspecção. Não posso provar que cresceram ou floriram por causa dos comprimidos e dos tiros. Deveria agora fazer uma experiência adicional em que atiro a aspirinas, uns metro mais ao lado. Se crescerem flores, este resultado preliminar sai enfraquecido, isto é, a minha tese não cai por terra. De momento, esta história, em que um homem se quer ver livre dos medicamentos a tiro de flober e depois repara que no solo cheio de fragmentos e pó de comprimido cresceram flores, daria um bom anúncio para uma farmacêutica. Isto não fica assim. Ah, não sei que flores são, preciso de um guia de campo.