Tábua de personagens de BW
Eremita
[actualização permanente]
Guillaume: maestro e compositor francês, com uma carreira internacional, que se instalou em Lisboa por amor. Hedonista, excêntrico, radical e sedutor, tem uma tara por violoncelistas que o envergonha por ser tão estereotipada. É uma "força da natureza", com a segurança de Yevgeny Vasil'evich Bazarov, a personagem de Turgenev, e o radicalismo de Carlos Vidal, a personagem do blog 5 Dias. Padece da síndroma de Waardenburg, que lhe deu um olho de cada cor. A única kriptonite de Guillaume são as comédias de Louis de Funès, nomeadamente uma cena, recorrente na sua cabeça e que ele já não consegue associar a nenhum dos filmes, em que o actor diz: "Oh, j'va mourir".
Paulo: é o primogénito de Guillaume, filho do seu primeiro e único casamento, e órfão de mãe. Tem uma inteligência matemática acima da média.
Patrícia: a única filha de Guillaume e também órfã de mãe. Tem uma destreza verbal acima da média e a partir dos seis anos deixou de contar anedotas, para passar a exprimir-se em versos decassilábicos, não resistindo a um ocasional alexandrino. É a única personagem propositadamente inverosímil, não só pela peculiar forma como se expressa, mas também pelo conteúdo das suas afirmações, que incluem previsões acertadas e uma capacidade de análise rara numa criança de 10 anos. Outra manifestação do seu génio foi a precoce fixação pelo poeta, tradutor e ensaísta Vasco Graça Moura, iniciada com um tropismo irresistível que a levava a gatinhar na direcção da imagem televisiva do poeta e que depois foi ganhando qualidades adequadas ao cumprimento das grandes etapas da vida, como a primeira vez que caminhou, a primeira menstruação e o seu primeiro orgasmo.
Pedro: é o benjamim da família de Guillaume e o único que não foi amamentado pela sua mãe, que morreu no parto. Tem uma inteligência emocional acima da média e é impossível não gostar dele.
Hans: um académico alemão na reforma que veio para Portugal escrever a biografia de August Weismann e que nada todos os dias de madrugada no Tejo. O manuscrito da biografia ascenderia a mais de 20 000 cartões manuscritos (Hans é grande fã de Nabokov), mas ninguém o verá. Segundo ele, a demora na publicação da obra explica-se por se tratar da biografia definitiva, que é sempre uma "segunda morte para o biografado".
Note to self: recorrer a apelidos apenas em caso de estrita necessidade (mas evitar os eslavos).