Os Ray Ban mágicos
Eremita
O judeu ouviu as minhas queixas, retirou-se e voltou com eles na mão.
- Toma lá esta merda.
- Mas são uns Ray Ban. Onde os arranjaste?
- Os judeus também oferecem prendas. Recebi-os há uns anos. Nunca os usei.
- Fazes-me um bom preço?
- Não sejas anti-semita.
- Faz-me o teu preço, pronto.
- Não me queiras somítico.
- Raios, é difícil negociar contigo.
- Estás a ser anti-semita outra vez. Vamos, atira-me com os colonatos na Cisjordânia à cara.
- Desisto,vou até ao monte.
- Leva lá os óculos, não quero que derrapes nessas miragens de lençóis de água que dizes ver na estrada. Têm lentes polarizadas.
- É uma prenda?
- Estás a fazer-me ir contra a minha natureza.
- Isso agora também foi muito anti-semita.
- Neste caso, prefiro chamar-lhe humor autodepreciativo.
E foi assim que vim para a rua com o Ray Ban na mão, sem saber se eram meus.