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OURIQ

Um diário trasladado

OURIQ

Um diário trasladado

14
Jul20

Fausto reflecte


Dr. Fausto Gomes

Há muitos anos que o país não dispunha de um documento prospectivo tão abrangente, tão rico e tão profundo como o que António Costa Silva entregou na semana passada ao Governo...  Manuel Carvalho, Público

Amigos,

A memória é curta e a esperança sempre a última a perceber a piada. Neste miserável país, já todos esqueceram a Ogiva do Sul de Ernâni Lopes, o único político português com implante facial verdadeiramente republicano, que fumava cachimbo sem tiques de classe e possuía uma silhueta que não nos envergonharia no registo das sombras chinesas. Afinal, o que propõe este António Costa Silva para o Alentejo, os Algarves, o Nortejo e as regiões autónomas? A acreditar no Público, o plano tem nove medidas desconexas para disfarçar a inclusão da medida que realmente conta: a transição energética. Isto surpreende alguém? Somos o que fazemos e Costa Silva trabalha há muitos anos na área da energia. E o resto deve ser mais do mesmo. Estou até tentado a empatar o meu futuro autárquico nesta aposta: no documento, "mar" surge antes de "montado". 

Reuni a minha vasta equipa multidisciplinar e estamos analisar o documento de mais um ilusionista do futuro. Optei pelo isolamento total num monte perto da Aldeia dos Fernandes, mesmo tendo sido necessário pôr os nossos três economistas a dormir numa tenda Quechua no quintal. Prometo a leitura de que o país precisa para a semana e o nosso plano de salvação nacional ainda em 2020. Ourique não pode esperar. 

 

 

 

 

 

 

 

12
Jul20

Deontologia de blogger


Vasco M. Barreto

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Imagem do filme Zoolander. A referência é críptica. Um dia talvez a explique.

Bem sei que o título soa a oxímoro. Ao contrário do mundo académico e da imprensa, universos hoje regulados e profissionalizados, os blogs tendem a ser escritos por amadores, salvo uma ou outra excepção. Entre amadores tolera-se alguma displicência, as autorias tornam-se líquidas e o dever de citação passa a facultativo. A haver uma deontologia de blogger, esta será menos extensa do que a dos jornalistas e académicos. Mas o registo escrito faz com que, mesmo num blog amador com meia dúzia de leitores, as conversas têm menos graus de liberdade do que a uma mesa de café.

Na vida como ela era, dependíamos da memória de cada um e, muitas vezes, não havia uma terceira cabeça para esclarecer a acareação. Os blogs deixam rasto. Não é um rasto perfeito pois poucos sabem consultar o cache e a Wayback Machine é um arquivo imperfeito, mas a possibilidade de alguém poder provar que nos apanhou a rearranjar o passado é dissuasiva. Um blogger consciencioso ou cauteloso não apaga posts e tem todo o interesse em indicar quando e que alterações fez a um post entretanto escrito, sobretudo se estas mudam o significado do texto. Não inquinar o passado é uma demonstração de respeito pelos outros e pela verdade.

A menos que o meu monitor e os meus olhos me estejam a pregar uma partida,  um dos autores do Corta-Fitas apagou um post nas últimas 24 horas. Como a minha vocação para bufo tem limites, não revelarei o nome do autor e apenas adianto que não é o autor do Corta-Fitas com quem me envolvi numa desesperante discussão nos últimos meses. Nesse texto, o autor discorre sobre a "desinformação" propagada pelos media e faz umas contas sobre o número relativo de novos casos de COVID-19 nos EUA, para concluir que Costa é pior do que Trump ou algo assim e que o jornalismo luso está alinhado com os execráveis socialistas. 

O autor escreve que a 10 de Julho houve 10 mil casos nos EUA. Comentei ontem de noite o post, corrigindo o número de casos, que foi acima de 70 mil, o que compromete todas as contas e conclusões, transformando uma pose de grande altivez num registo ridículo. Não era nada de muito grave, convenhamos, apenas uma precipitação. Ninguém espera rigor de um blog animado pela ideologia como o Corta-Fitas e tudo se teria resolvido se o autor tivesse assumido o erro e rematado a coisa com uma piada autodepreciativa. Mas parece que a sua húbris o condicionou e, em vez de reconhecer o erro e dar o braço a torcer, o autor do post apagou-o como se nunca tivesse existido. Em quase duas décadas de blogs, creio que foi a primeira vez que testemunhei tal comportamento. Devemos estar a ficar todos mais levianos ou burros.

Esta historieta servirá para um dia explicar às minhas filhas a diferença entre o embaraçoso e o vergonhoso. No imediato, serve também para ver que respeito pela verdade, o rigor e a decência tem o colectivo que escreve no Corta-Fitas, porque se todos assobiarem para o ar e ninguém acusar o toque ficará provado que não há por ali um pingo de vergonha. Adianto que tenho mais esperança na salvação das minhas filhas, mas admito a minha parcialidade.

 

 

 

 

 

11
Jul20

Fausto Gomes goes global


Dr. Fausto Gomes

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Companheiros, irmãs, gentes de Ourique e bastardos de Castro Verde, 

Estavam enganados aqueles que viam em Fausto Gomes um pensador de dimensão regional. São poucos os que em Portugal conhecem o meu percurso internacional, que fez com que tivesse sido convidado a assinar o texto A Letter on Justice and Open Debate. Cumpre-me explicar-vos por que motivo assinei a carta. Que mais ninguém se equivoque outra vez! Fi-lo por Ourique, a vila que me norteia e me levou ao celibato para me dedicar em exclusividade à nossa povoação. Amigos, precisamos de diversificar as fileiras. Não nos podemos viciar em míseros subsídios agrícolas situacionistas de má consciência, nem apostar exclusivamente na ideia de Ourique como capital do porco alentejano. Ourique tem de vencer também no universo da cultura. Mas não me refiro à organização de festivalecos para escritores sem poder de compra. Sejamos sérios e ambiciosos. Ourique não deve promover a cultura, Ourique tem de ser cultura. A nossa batalha soará por todo o lado com a familiaridade de uma Tróia, Hastings, Agincourt, Gettysberg, Cajamarca,  Estalinegrado, Dunquerque... Ourique será o ariete que dará de uma vez por todas cabo dos saudosistas de um califado na Europa. Para lá chegarmos, cada um de nós terá de fazer o seu trabalho de formiguinha e nunca perder uma oportunidade de inscrever o nome de Ourique na actualidade. Assinar  a carta foi a minha contribuição. Se me preocupo com a "cancel culture"? O suficiente para não ter problemas de consciência a assinar a carta. Mas não tenhamos ilusões. Quantos dos signatários vivem em pequenas povoações? Quantos estariam dispostos a ceder o seu lugar de fala pela descentralização? Só assinei porque qualquer iniciativa que una David Brooks e Noam Chomsky algum mérito terá. 

Signatários de A Letter on Justice and Open Debate

Elliot Ackerman
Saladin Ambar, Rutgers University
Martin Amis
Anne Applebaum
Marie Arana, author
Margaret Atwood
John Banville
Mia Bay, historian
Louis Begley, writer
Roger Berkowitz, Bard College
Paul Berman, writer
Sheri Berman, Barnard College
Reginald Dwayne Betts, poet
Neil Blair, agent
David W. Blight, Yale University
Jennifer Finney Boylan, author
David Bromwich
David Brooks, columnist
Ian Buruma, Bard College
Lea Carpenter
Noam Chomsky, MIT (emeritus)
Nicholas A. Christakis, Yale University
Roger Cohen, writer
Ambassador Frances D. Cook, ret.
Drucilla Cornell, Founder, uBuntu Project
Kamel Daoud
Meghan Daum, writer
Gerald Early, Washington University-St. Louis
Jeffrey Eugenides, writer
Dexter Filkins
Federico Finchelstein, The New School
Caitlin Flanagan
Richard T. Ford, Stanford Law School
Kmele Foster
David Frum, journalist
Francis Fukuyama, Stanford University
Atul Gawande, Harvard University
Todd Gitlin, Columbia University
Kim Ghattas
Malcolm Gladwell
Michelle Goldberg, columnist
Rebecca Goldstein, writer
Fausto Gomes, visionary, Ourique                             Anthony Grafton, Princeton University
David Greenberg, Rutgers University
Linda Greenhouse
Rinne B. Groff, playwright
Sarah Haider, activist
Jonathan Haidt, NYU-Stern
Roya Hakakian, writer
Shadi Hamid, Brookings Institution
Jeet Heer, The Nation
Katie Herzog, podcast host
Susannah Heschel, Dartmouth College
Adam Hochschild, author
Arlie Russell Hochschild, author
Eva Hoffman, writer
Coleman Hughes, writer/Manhattan Institute
Hussein Ibish, Arab Gulf States Institute
Michael Ignatieff
Zaid Jilani, journalist
Bill T. Jones, New York Live Arts
Wendy Kaminer, writer
Matthew Karp, Princeton University
Garry Kasparov, Renew Democracy Initiative
Daniel Kehlmann, writer
Randall Kennedy
Khaled Khalifa, writer
Parag Khanna, author
Laura Kipnis, Northwestern University
Frances Kissling, Center for Health, Ethics, Social Policy
Enrique Krauze, historian
Anthony Kronman, Yale University
Joy Ladin, Yeshiva University
Nicholas Lemann, Columbia University
Mark Lilla, Columbia University
Susie Linfield, New York University
Damon Linker, writer
Dahlia Lithwick, Slate
Steven Lukes, New York University
John R. MacArthur, publisher, writer

Susan Madrak, writer
Phoebe Maltz Bovy
, writer

Greil Marcus
Wynton Marsalis, Jazz at Lincoln Center
Kati Marton, author
Debra Mashek, scholar
Deirdre McCloskey, University of Illinois at Chicago
John McWhorter, Columbia University
Uday Mehta, City University of New York
Andrew Moravcsik, Princeton University
Yascha Mounk, Persuasion
Samuel Moyn, Yale University
Meera Nanda, writer and teacher
Cary Nelson, University of Illinois at Urbana-Champaign
Olivia Nuzzi, New York Magazine
Mark Oppenheimer, Yale University
Dael Orlandersmith, writer/performer
George Packer
Nell Irvin Painter, Princeton University (emerita)
Greg Pardlo, Rutgers University – Camden
Orlando Patterson, Harvard University
Steven Pinker, Harvard University
Letty Cottin Pogrebin
Katha Pollitt
, writer

Claire Bond Potter, The New School
Taufiq Rahim
Zia Haider Rahman, writer
Jennifer Ratner-Rosenhagen, University of Wisconsin
Jonathan Rauch, Brookings Institution/The Atlantic
Neil Roberts, political theorist
Melvin Rogers, Brown University
Kat Rosenfield, writer
Loretta J. Ross, Smith College
J.K. Rowling
Salman Rushdie, New York University
Karim Sadjadpour, Carnegie Endowment
Daryl Michael Scott, Howard University
Diana Senechal, teacher and writer
Jennifer Senior, columnist
Judith Shulevitz, writer
Jesse Singal, journalist
Anne-Marie Slaughter
Andrew Solomon, writer
Deborah Solomon, critic and biographer
Allison Stanger, Middlebury College
Paul Starr, American Prospect/Princeton University
Wendell Steavenson, writer
Gloria Steinem, writer and activist
Nadine Strossen, New York Law School
Ronald S. Sullivan Jr., Harvard Law School
Kian Tajbakhsh, Columbia University
Zephyr Teachout, Fordham University
Cynthia Tucker, University of South Alabama
Adaner Usmani, Harvard University
Chloe Valdary
Helen Vendler, Harvard University
Judy B. Walzer
Michael Walzer
Eric K. Washington, historian
Caroline Weber, historian
Randi Weingarten, American Federation of Teachers
Bari Weiss
Sean Wilentz, Princeton University
Garry Wills
Thomas Chatterton Williams, writer
Robert F. Worth, journalist and author
Molly Worthen, University of North Carolina at Chapel Hill
Matthew Yglesias
Emily Yoffe, journalist
Cathy Young, journalist
Fareed Zakaria

Adenda: o eremita pediu-me para não apalhaçar o Ouriq e retirar o post. Apalhaçar? Disse-lhe que fosse ver o E.T. Lembram-se da cena em que o E.T. se esconde da mãe do miúdo fazendo-se passar por um dos vários bonecos de pelúcia? Quem enganou mais? O E.T. a fazer-se de boneco ou os bonecos a fingir que são bichos? 

 

 

 

 

 

 

 

 

11
Jul20

João Miguel Tavares vs. Reinaldo Azevedo


Vasco M. Barreto

O Ministério Público tem o exclusivo da acção penal, mas os seus magistrados não podem fazer comentários públicos sobre processos judiciais. A advocacia, que assume o papel da defesa, pode ir à televisão comentar tudo e um par de botas. O resultado é que o espaço público fica completamente desequilibrado entre aqueles que podem acusar, mas não podem falar, e aqueles que se podem defender falando. É assim que Carlos Alexandre e o MP se transformam em sacos de pancada. E é também assim que surgem as famosas fugas ao segredo de justiça, forma perversa de fazer falar aqueles que não têm cadeira nos telejornais. João Miguel Tavares

Melhor do que discordar consecutivamente, só mesmo discordar apenas no fim. A crónica de JMT sobre o mediatismo dos grandes advogados ia muito bem encaminhada,  mas o nexo de causalidade que surge na citação (o último parágrafo do artigo) soa desconexo. Será que as fugas ao segredo de justiça são a resposta possível do Ministério Público ao mediatismo dos advogados? Isto tem alguma sustentação empírica? Seja qual for a resposta, nesta implícita justificação para as fugas ao segredo de justiça percebe-se que JMT não é um purista do Estado de Direito. Os nossos puristas do Estado de direito, como o Pedro Marques Lopes e o Valupi, são muito aborrecidos e sempre que se armam em paladinos do Estado de Direito, recorrendo invariavelmente a tiques de linguagem ("comunidade" e  "cidade", respectivamente), a sonolência tende a instalar-se, não ficando bem servido o Estado de Direito e saindo JMT a ganhar em "likes". Mas há um purista do Estado de Direito muito convincente e cativante que agora ouço todos os dias. É o grande Reinaldo Azevedo. Precisávamos de Reinaldo em Portugal para travar o populismo de JMT e outros da mesma cepa. Enjoy

 

 

11
Jul20

A COVID-19 nos EUA e a única certeza


Vasco M. Barreto

Tenho lido e ouvido comentários curiosos sobre a evolução da COVID-19 nos EUA. Alguns já concluíram que o país lida agora muito melhor com a COVID-19 porque o aumento no número de testes positivos por dia não se traduz num aumento no número de mortes por dia. Ouvi também duas explicações: que a capacidade de resposta entretanto aumentou e que a doença já vitimou os mais vulneráveis, pelo que a proporção de casos benignos, que sempre foram a vastíssima maioria, terá aumentado. A primeira explicação pode ser válida. Mas a segunda é improvável. Basta pensar que os EUA são um país de dimensão continental. O aumento no número de casos tem ocorrido em Estados que não lidavam ainda com a doença quando a COVID-19 fazia estragos em Nova Iorque, ou seja, em populações que não foram ainda seleccionadas pela COVID-19. É também preciso fazer umas contas complicadas para decompor o impressionante aumento no número diário de casos desde 19 de Junho na parte que corresponde ao aumento da epidemia e na parte que resulta do aumento do número de testes por dia, que também aumentaram consideravelmente ao longo do tempo. Parece evidente que estas duas componentes existem, porque o aumento no número de testes positivos não se explica pelo aumento no número de testes, bastando sobrepor as curvas .

Em todo o caso, estas conclusões sobre a COVID-19 revelam que não aprendemos nada com esta experiência. A ansiedade, o optimismo excessivo ou o negacionismo continuam exuberantes. Como decorrem 2 a 8 semanas entre o momento em que a doença é detectada e a morte dela resultante, só agora deveríamos esperar um aumento no número de mortes correspondente ao aumento no número de casos positivos desde 19 de Junho. E se compararmos a evolução da média de mortes nos últimos três dias, verificamos que para encontrar um valor mais alto do que o de ontem temos de recuar a 12 de Junho. Só nas próximas semanas saberemos se estamos no início de um novo aumento do número de mortes por dia. A única certeza é esta: haverá sempre alguém que continuará a concluir coisas com a convicção, o espanto e a ligeireza de um desmemoriado. 

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10
Jul20

Rui Torquemada e Rita Rato


Vasco M. Barreto

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Em resumo e até aqui, não vejo problema em Rita Rato ser diretora do Museu do Ajube: houve um processo de recrutamento aberto em vez de uma indicação direta e se Rita Rato o ganhou entre dezenas de candidatos é porque demonstrou méritos para exercer o cargo ao qual se candidatou — o que até nem surpreende quem, sendo de um partido e de uma família ideológica bem distinta, e não a tendo nunca conhecido pessoalmente, seguiu a trajetória de Rita Rato.

Não; o problema de Rita Rato é outro — e pode mesmo ser insuperável. Não creio que Lisboa enquanto cidade, e o Museu do Aljube enquanto espaço de memória da resistência política em particular, possa conviver com uma diretora que tenha tido declarações que possam parecer como minimizando realidades historicamente comprovadas e de magnitude inescapável da repressão política no século XX. Rui Tavares, Público

Gosto muito de discordar consecutivamente, sobretudo quando a segunda discordância não se pode deduzir da primeira. Rui Tavares parece estar duplamente equivocado. O primeiro equívoco é a pose de contrarian, a mostrar que não tem cumplicidades corporativas. Ficaria sempre bem para consumo externo, não fosse estar a marimbar-se para os critérios que regiam o concurso, nomeadamente a "Experiência em funções similares (preferencialmente na área dos museus)" e a "Experiência em programação e produção de exposições”.

O segundo equívoco é a aparente crença de Rui Tavares no poder da redenção. Para os mais distraídos, lembro que parte da contestação a esta nomeação decorre de uma entrevista de 2009 em que Rita Rato terá desconversado a propósito do Gulag, um acontecimento que descreveu como “uma experiência” que “admitia” que “pudesse ter acontecido”. Rui Tavares pede agora a Rita Rato que se retracte para pacificar a nomeação. Talvez seja um pedido retórico. Em todo o caso, surpreendi-me com esta crueldade inquisitória e vã. Porque a situação de Rita Rato é trágica: se não comentar o assunto, será acusada de cobardia e comodismo; se reafirmar o que disse sobre o Gulag, vão louvar-lhe a coerência à Cunhal mas complica a sua carreira; e se disser o que Rui Tavares pretende, vamos concluir que cedeu à tortura mediática e disse o que queriam que dissesse. Nem se citasse Solzhenitsyn de cor haveria salvação para Rita Rato.

Adenda a 10.07.2020: concentro-me sempre no acessório. O comentário definitivo é o do malomil.

Adenda a 11.07.2020: no texto de João Pedro George encontramos alguns dos votos de Rita Rato no Parlamento "sobre regimes autoritários, resistência às ditaduras, luta pela liberdade e prisões políticas". Mesmo não sendo novidade nenhuma a cumplicidade do PCP com o totalitarismo de esquerda, a enumeração é tenebrosa. George faz ainda o jornalismo necessário, tendo falado com outros candidatos (todas mulheres, curiosamente) e exposto a incoerente justificação do júri do concurso para a escolha de Rita Rato. Bom trabalho

 

 

 

 

 

 

 

10
Jul20

Fuck cancel culture


Vasco M. Barreto

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fonte

Entre cette justice et Steven Pinker, je choisis Pinker.

[paráfrase]

Mais de 400 estudantes e académicos querem que a Linguistic Society of America descarte Steven Pinker por causa de umas opiniões e tweets seus invariavelmente baseados em factos mas que incomodam activistas de esquerda, feministas pós-segunda vaga e profissionais do anti-racismo. O académico tem tantos púlpitos inexpugnáveis que este ataque é mais um invejável título de herói da liberdade de expressão do que uma ameaça real. De resto, não há nada de novo aqui, pois há décadas que Pinker incomoda esta malta. Mas o que aconteceu agora é um sinal dos tempos e a diferença de idade entre Pinker e aqueles que o atacam só fez mais fundo um fosso geracional preocupante. 

The Woke are after Pinker again, and if he’s called a racist and misogynist, as he is in this latest attempt to demonize him, then nobody is safe. After all, Pinker is a liberal Democrat who’s donated a lot of dosh to the Democratic Party, and relentlessly preaches a message of moral, material, and “well-being” progress that’s been attained through reason and adherence to Enlightenment values. But that sermon alone is enough to render him an Unperson, for the Woke prize narrative and “lived experience” over data, denigrate reason, and absolutely despise the Enlightenment.

The link to the document in question, “Open Letter to the Linguistic Society of America,” was tweeted yesterday by Pinker’s fellow linguist John McWhorter, who clearly dislikes the letter. And, indeed, the letter is worthy of Stalinism in its distortion of the facts in trying to damage the career of an opponent. At least they don’t call for Pinker to be shot in the cellars of the Lubyanka!

After I read the letter and decided to respond to it, I contacted Steve, asking him questions, and he gave me permission to quote some of his answers, which were sent in an email. (Steve, by the way, has never asked me to defend him; I do so in this case because of the mendacity of the letter.) Jerry Coyne

 

 

 

 

 

 

 

 

08
Jul20

Centeno e a ambição pessoal


Vasco M. Barreto

Ouvi as perguntas que o deputado Duarte Pacheco fez a Mário Centeno, a propósito da sua nomeação para governador do Banco de Portugal. Havendo tantas questões sobre o conflito de interesses óbvio associado a esta nomeação, surpreende que alguém ainda nos faça perder tempo com a ambição pessoal de Centeno. É irrelevante apurar se o menino Mário era sempre deixado fora das brincadeiras de índios e cowboys por querer ficar com o porquinho mealheiro ao colo. A ambição pessoal de cada um é tão privada como a sua sexualidade; não será por acaso que ambas dependem muito da fantasia e efabulação. Foi penoso ouvir a pergunta e depois a resposta. Mais pudor, sff. 

 

 

 

 

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