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OURIQ

Um diário trasladado

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29
Fev20

Os avatares acidentais de André Ventura


Eremita

Rui Tavares lembrou-se de propor que se erguesse um cordão sanitário em torno de André Ventura para lhe cortarmos o pio. Não ter previsto que lançar esta discussão iria ter um efeito contraproducente foi de uma burrice desconcertante. Obviamente, uma ideia destas só funcionaria se fosse posta em prática sub-repticiamente e nunca fosse assumida, nem provada, para não dar a Ventura o trunfo da vitimização, nem câmaras de ressonância que ecoam o seu nome. O número de virtue signalling do fundador do Livre fez com que neste momento se assista a uma troca de mimos entre os egos inflamados de Rui Tavares, João Miguel Tavares e Miguel Sousa Tavares. Na prática, digam o que disserem, funcionam como três avatares acidentais de André Ventura, que deve estar deliciado com este bónus de atenção.

Por muito que me custe reconhecê-lo, é óbvio que André Ventura, um escroque oportunista e megalómano, atingiu um patamar de mediatismo em que anunciar que se recusa debater com ele só o beneficiará. A estratégia deve ser a oposta: debater sem subvalorizar o adversário, nem ficar afundado na poltrona da superioridade moral, mas fazendo o TPC e usando factos que demonstrem os podres do Ventura, como aqui demonstra Bárbara Reis. Aliás, na ânsia de infligir uma ferida narcísica, a resposta de Rui Tavares a Miguel Sousa Tavares é contraditória, porque ele termina avaliando a prestação do jornalista e adepto do FCP no debate com Ventura sobre o caso Marega. E se o Rui pensa mesmo que o Miguel não esteve bem, o que terá ele pensado do seu amigo Ricardo Sá Fernandes, um profissional da argumentação que está sempre a aparecer e conseguiu o feito de perder o debate sobre a devolução de património às ex-colónias com um oponente que tinha sugerido que se empacotasse a Joacine Katar Moreira para a Guiné-Bissau? 

22
Fev20

Vasco Pulido Valente (1941-2020)


Eremita

Screenshot 2020-02-22 at 08.43.26.png

fonte

Gosto que se diga que foi o melhor prosador da sua geração e sinto a ansiedade que sempre surge quando morre um escritor que admirávamos: se não pego no Glória nos próximos dias, creio que morrerei sem ter lido esse livro. 

Adenda 1: recomendo este completíssimo texto sobre VPV que foi publicado no Malomil em 2014 e dois textos de Diogo Ramada Curto, um de Junho de 2016 e outro de Fevereiro de 2018.

Adenda 2: artigos de VPV n'O Tempo e o Modo

 

21
Fev20

O nosso brilhante Parlamento


Eremita

Há anos que se discute a eutanásia. Houve vários projectos de lei em 2018, ainda mais em 2020 e foram pedidos vários pareceres, mas nenhum dos ilustres juristas pensou nos seguros de vida. A discussão na especialidade vai ser uma maravilha. No Luxemburgo, as mortes por eutanásia ficam registadas como tendo morte natural. Por cá devem fazer algo parecido: burocratiza-se a eutanásia mas os registos continuarão a ser mentirosos. É a chamada evolução na continuidade. Admito o meu mau perder, mas isto é ridículo. 

 

20
Fev20

Do critério da morte terrível ao da vida terrível


Eremita

Parte desta tragédia resulta de muita gente julgar que pensa pela própria cabeça e não é influenciável. "Good night, and good luck".  

Não são 20 anos de experiência mas 35: a nossa primeira decisão governamental para tolerar e regular a eutanásia remonta a 1985. A maioria de nós no início dos anos 2000 pensou que a melhoria dos cuidados em final de vida (cuidados paliativos) iria reduzir a necessidade de eutanásia, mas aconteceu o contrário, os números triplicaram. Além disso, as razões para ter a eutanásia expandiram-se. No início era para doenças terminais. Agora cada vez mais diz respeito a doentes com uma esperança de vida de anos, alguns de décadas. A eutanásia passou de um último recurso para prevenir uma morte terrível para um último recurso para prevenir uma vida terrível. E o que vemos é que a eutanásia cada vez mais colide com o dever do Governo de prevenir o suicídio. Theo Boer em entrevista ao Observador

20
Fev20

They shoot horses, don't they?


Eremita

They Shoot Horses, Don't They, 1948 - Cover art by

Devia ter uns 14 ou 15 anos quando descobri a tradução deste livro ("Os cavalos também se abatem") na estante do quarto onde os meus tios cresceram e muitos anos depois eu passei a dormir durante as férias na casa dos avós maternos. Foi a primeira vez que me vi confrontado com a eutanásia. Ainda tenho viva na memória a cena do assassínio misericordioso de uma mulher desiludida e deprimida (que nem na Holanda passaria por eutanásia), ao ponto de me lembrar que pensei muito sobre o assunto na sombra do alpendre da varanda numa tarde soalheira. Já não me lembrava de muitos detalhes, mas ao rever a história percebo que a maratona de dança, enquanto exploração ignóbil do desespero, antecipa muito do que viria a ser a reality TV

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