Dever de imbecilização
Eremita
Isto é, os montantes que ali se encontravam eram de Santos Silva que repetiu o que tinha sido dito no primeiro dia: foram reunidos por sua ordem para pode levar ‘dinheiro vivo’ — entre 10 mil a 20 mil euros de cada vez — para as suas missões empresariais em Marrocos, Argélia, Líbia e Roménia serem bem sucedidas. Além disso, podiam ser necessários para alguma emergência.
E como poderiam ser bem sucedidas? Pagando a alegados responsáveis políticos desse países contrapartidas pela adjudicação de contratos de obras públicas mas também para pagar residências a trabalhadores expatriados. Observador
Se bem percebi, foi uma confissão de Carlos Santos Silva. Não provando nada, denota uma predisposição para a falcatrua. Aliás, é extraordinária a franqueza com que fala em "contrapartidas", como se fosse normalíssimo ou houvesse uma espécie de What happens in Argel stays in Argel. Melhor, só mesmo a discreta adversativa que assinalei.
Embora o mais provável seja o "mas" vir da cabeça do jornalista, talvez traduza o pensamento de Santos Silva. O empresário conjugaria a corrupção activa com uma viva consciência social que o levava a pagar a residência a trabalhadores expatriados. Ou então dava-lhe jeito pagar assim para o trabalho ficar mais barato, claro, mas não se pode fazer esta insinuação, porque devemos proteger o Estado de Direito e seria maldade irritar o Valupi. Vão ser anos disto. Por causa do dever de cidadania, a Operação Marquês é a maior ameaça ao culto da sabedoria, pois quanto mais vamos sabendo mais imbecis temos de nos tornar.
PS: Só lamento ver o nome do saudoso e brilhante João Pinto de Castro a ser arrastado para esta pocilga.