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OURIQ

Um diário trasladado

OURIQ

Um diário trasladado

19
Jul19

Nomes que seduzem


Eremita

Nos meus trabalhos de subsistência, descubro um nome de doença que pede um poema, um conto, uma novela, um romance, talvez até uma corrente literária:  a tristeza dos citrinos

19
Jul19

A mão no leme


Eremita

4362312.jpg

fonte

Será possível traçar uma bissectriz virtuosa entre Rui Ramos e Rui Tavares? O primeiro demonstra que os conservadores são capazes de esquecer o pessimismo antropológico, pois escrevem sobre o racismo com uma retórica pós-racial cega, lírica e tonta, que lhes dá imenso jeito para manter o status quo. Não, o problema não é só a pobreza. O Dr. Ramos que explique como se consegue assegurar igualdade no acesso ao arrendamento a famílias negras de classe média sem beliscar o sacrossanto direito à propriedade privada. O segundo, com uma retórica estafadíssima, faz uma defesa tímida do relativismo, como se usar o exemplo das visões absolutistas e incompatíveis das religiões do livro não fosse primário e a mutilação genital feminina pudesse ter outra interpretação que não o repúdio absoluto e incondicional. A tensão criada por duas visões irreconciliáveis não se resolve facilmente com uma adversativa, que aqui soaria a dobradiça enferrujada. Mais do que a peer pressure, temo o desgaste do tempo, que pode redundar em letargia ou precipitação. Vejo a reflexão sobre estes temas como uma viagem de longo curso em mar aberto (sem bombordo). Não nos indignemos em exibições de virtude antes de chegar a terra firme*. 

* Se antes imaginava estes remates grandiloquentes como se falasse para uma plateia a perder de vista, agora a ilusão é pensar que um dia as minhas duas meninas lerão o que o pai escreveu. Se fosse um intelectual francês, descreveria esta mudança que não muda a aparência como a domesticação da mania das grandezas.

16
Jul19

Estorninhos


Eremita

Não tenho bucket list, é coisa demasiado fatalista, mas se as minhas miúdas cumprirem 10 anos de idade sem ver este espectáculo da natureza ao vivo, terei falhado como pai. Tendo em conta as inúmeras formas de trinchar a humanidade, aceite-se mais esta: aqueles que preferem os rituais de acasalamento das aves do paraíso e aqueles que preferem os bandos de estorninhos. Pertenço ao segundo grupo, sem saber ao certo se a preferência é apenas estética ou reveladora de um colectivismo incorrigível. 

15
Jul19

"A cada 7 anos, cada pessoa perde cerca de metade dos seus amigos"


Eremita

Série Gráficos Imaginários

Francamente, já vem com uma década de atraso o anúncio de que os amigos do Facebook não são propriamente amigos. Mas no resto a leitura deste artigo vale bem a pena, porque há quem pense que a amizade é vitalícia ou apenas acaba de modo conflituoso. Jovens, as amizades vão simplesmente atrofiando. Enfim, teria gostado de ver um gráfico com a evolução do número de amigos ao longo da vida. Não me peçam números, mas imagino o gráfico assim:

 

Screen Shot 2019-07-15 at 08.57.19.png

 

 

 

14
Jul19

Exibições


Eremita

Considerando as exibições de profissionalismo no Linkedln, as exibições de fotos de férias no Facebook e as exibições de ironia e coolness no Twitter, creio que preferirei sempre as exibições de egocentrismo nos blogs

 

 

13
Jul19

Amadurecer


Eremita

ng3980949.jpg

fonte

Devíamos contrapor à visão hegemónica que tem dominado a esquerda portuguesa uma lógica pluralista, mas há uma parte substancial da direita portuguesa que parece ter sucumbido à narrativa da guerra cultural. São eles ou nós. E sendo eles ou nós, o que os “nossos” dizem está sempre bem e o que “eles” dizem está sempre mal. Temo que boa parte da direita portuguesa esteja a sucumbir àquilo a que já tinha sucumbido boa parte da esquerda... Miguel Poiares Maduro, Público

 

O incremento de uma esquerda censória é um enorme sinal de fraqueza da própria esquerda. A esquerda acantonada nas “causas” e tendo perdido para a direita, como se vê com Trump, a dimensão social, tem hoje uma pulsão censória que vai do policiamento da linguagem, à interdição da liberdade de expressão, e por fim, na criminalização de opiniões. E é particularmente ineficaz na defesa daquilo que enuncia como estando em causa, seja a discriminação social das minorias, seja o racismo. JPP, Público

12
Jul19

Uma apologia dos antidepressivos


Vasco M. Barreto

Screen Shot 2019-07-12 at 15.30.33.png

Publiquei hoje, na Aeon, uma apologia dos antidepressivos, essas drogas de má fama e  segundo alguns   nenhum proveito. Só agora me pergunto por que motivo o fiz em inglês e numa publicação estrangeira quase desconhecida em Portugal, se seria uma forma de preservar a imagem em Ourique, deixando-me a salvo da aura de deprimido, que já terá dado alguns dividendos em meios artísticos e marginais mas uma cultura de eficiência no trabalho e nas relações, cada vez mais orientada por métricas, tende hoje a penalizar mal se abandona a adolescência. É verdade que onde se publica pode ser revelador: diz-se que Frank Macfarlane Burnet enviou o manuscrito da sua teoria da selecção clonal (coisas da imunologia) para uma revista australiana obscura de fraca circulação de modo a assegurar a autoria da ideia (a prioridade) sem comprometer a reputação caso a ideia se viesse a revelar estapafúrdia. A Aeon também é australiana, mas a coincidência acaba aí, porque é lida online em todo o mundo anglófilo e não terá havido grande calculismo da minha parte. O artigo aparece na Aeon porque foi nessa revista que li um outro ensaio sobre antidepressivos que me deixou irritado ao ponto de lhes propor escrever uma resposta (o texto não se lê como resposta a esse artigo porque o editor entendeu  acertadamente  que um outro registo seria mais eficaz). Também sai na Aeon porque a revista paga e tenho interesse em construir um portfólio de artigos em inglês para um público generalista de modo a criar oportunidades de ganhar algum dinheiro com a escrita, o que em Portugal é muito difícil  se houve calculismo foi desse tipo, o calculismo do remediado marcado pela escrita de Luiz Pacheco, cujo talento sabe não partilhar mas cuja mítica indigência sente à distância de duas más decisões de negócio e uma temporada prolongada de prostração anímica.

Concluo assim que é escusado ler o texto como um "coming out", apesar do registo autobiográfco do primeiro parágrafo, nomeadamente porque não se trata de um segredo para quem me conhece. As minhas expectativas são agora duas: que os honorários cheguem a tempo e que consiga persuadir pelo menos uma pessoa a não cometer o erro que me complicou a vida e a vida dos que me são queridos. 

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