"I wouldn't do it"
Eremita
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Ontem, creio que no telejornal da RTP3, a televisão pública regozijava-se com os resultados de uma sondagem que apontavam Portugal como um dos países com canais públicos de informação mais independentes. Na verdade, a sondagem era sobre a opinião que os cidadãos tinham sobre a independência nos canais públicos de informação, o que não é a mesma coisa. Basta pensar que tal opinião é influenciada pelo grau de independência efectiva e pela percepção que o cidadão tem dessa independência, que pode ser influenciada, entre muitíssimos outros aspectos, pelo estado de amadurecimento de uma democracia. Por outras palavras, a sondagem não explicava nada. Esta confusão entre a realidade e percepção da realidade é cada vez mais frequente, em grande medida porque avaliar a independência de um canal público de informação é uma tarefa complexa, demorada e que custa dinheiro, enquanto saber a opinião das pessoas sobre o que quer que seja é muito simples e o que custa alimenta uma engrenagem em que as rodas dentadas da academia, das instituição que financiam a academia, das empresas de sondagens e dos jornais encaixam na perfeição. Acresce que, sendo a opinião dos cidadãos a essência da democracia, a opinião agregada dos cidadãos sobre qualquer tema ganha de imediato uma respeitabilidade que facilita este gato por lebre.
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