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OURIQ

Um diário trasladado

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28
Out16

A ambição intelectual de José Sócrates


Eremita

"Seja como for, tudo o que é apenas ensaiado e fabricado acaba por soar a falso.” José Sócrates

 

José Sócrates é, simultaneamente, um embaraço para a democracia, um problema para a justiça e, a julgar pela citação, um caso clínico. No seu segundo livro, imodestamente intitulado O dom profano - considerações sobre carisma, o antigo primeiro-ministro tenta consolidar a sua imagem de intelectual. Há algo de meritório neste esforço do engenheiro. Primeiro foi estudar para Paris. Depois escreveu uma tese sobre a tortura. Agora disserta sobre o carisma, presume-se que na esteira de Maquiavel. Pessoas com o percurso de Sócrates geralmente vão ganhar dinheiro em cargos de gestão no sector privado quando deixam a política e têm os passatempos estereotipados de quem singrou na vida, como o golf e a vinicultura. Dos poucos que se iniciam na escrita depois dos 50 anos, a maioria dedica-se à (auto)biografia e uns quantos tentam o romance, mas não há políticos engenheiros a abraçar a filosofia política. Sócrates é singular: governou e agora faz-se filósofo. No fundo, segue Platão, apesar de ter invertido a ordem dos factores recomendada pelo grego. 

 

É surpreendente que nenhum dos amigos de Sócrates o alerte para a figura triste que faz sempre que cita, parafraseia ou apenas refere um nome conotado com a "cultura". A sua voz muda, assumindo um tom professoral e pedante, como se não fosse ele a falar mas o modelo de figura culta perseguido por Sócrates - provavelmente alguém com a aura de João Lobo Antunes, ontem falecido, ou outro intelectual de boas famílias lisboetas ou do Porto. Como então explicar que, apesar do estilo postiço, ninguém apanhou Sócrates a dizer que leu um livro inexistente, nem a sugerir música ainda por compor por quem entretanto morreu, nem a trocar apelidos de autores que apenas partilham o nome próprio, gafes famosas de figuras do PSD. Passos Coelho, Santana Lopes e Cavaco Silva têm a ligeireza de quem sabe que não é um intelectual, nem pretende ser. Erram porque são humanos. Pelo contrário, Sócrates trabalha a sua imagem de intelectual e tem a noção de que um erro primário lhe seria fatal. Se errar, é porque foi incompetente. Assim, faz todo o sentido o eventual recurso a um escritor fantasma para assegurar um nível académico decente ao(s) livro(s) de Sócrates. A cultura, em Sócrates, pelo menos desde a célebre entrevista ao Expresso em que de definiu como um animal feroz, nunca foi a manifestação orgânica do "que ficou depois de se esquecer tudo o que foi aprendido" tão reveladora da nossa natureza, mas uma representação orientada por objectivos. 

 

Esta tese cria um paradoxo. Que objectivos? Ainda que em tempos Sócrates tivesse pensado com a Presidência da República e concluído que precisava de um outro grau académico para limpar a licenciatura suspeita, para quê insistir com um segundo livro, agora que a sua carreira política está acabada? Para quê os comunicados ao povo com travo a conferência em que são citadas figuras da ciência política? Enfim, um homem inteligente e vaidoso como Sócrates poderá ter querido dar uma bofetada de luva branca em todos os que com ele gozaram por causa da licenciatura. Porém, o mesmo aconteceu com José Relvas, que nem por isso rumou a Oxford para estudar coisas. Sobra então a hipótese pífia de que Sócrates se representa hoje como intelectual por ter a ambição genuína de ser visto como um intelectual. 

27
Out16

Lamechice furtiva


Eremita

Ao ler um artigo de divulgação científico muito bom (cujo link perdi), chorei duas ou três vezes. Restauremos a virilidade: chorei perante factos, porque o homem moderno chora, mas nunca após ler uma figura de estilo. A frequência de gémeos verdadeiros é de cerca de 4 por cada 1000 nascimentos e, quando comparados com os outros bebés, os gémeos estão mais em risco durante a gravidez e o primeiro ano, mas depois têm uma maior probabilidade chegar à velhice. Os dois primeiros factos confirmam a enorme sorte que tive e o último reconfortará um pai de gémeos moribundo, o que explica a emoção que senti. Mas a verdade é que, desde o nascimento das gémeas, já me surpreendi a chorar de felicidade por nenhum motivo imediato. Como são poucos os canais disponibilizados pelas convenções sociais para a exteriorização do amor paterno, só nos resta chorar às escondidas. 

25
Out16

Um heterossexual sai do armário


Eremita

21.10.16

 

A cultura gay fascina-me, embora só muito recentemente tivesse começado a ler ficção com personagens homossexuais (ou comportamentos homossexuais - não vou entrar nessa discussão) e me pareça que não viverei o suficiente para chegar à leitura dos estudos queer. Creio que este fascínio, isto é, esta mistura de curiosidade e admiração, não é nada invulgar entre os heterossexuais. Mas antes, quem revelasse este interesse seria rotulado de homossexual reprimido, e hoje, depois da revolução nos costumes que vai no sentido da aceitação de qualquer orientação sexual (entre adultos), mostrar curiosidade pelo modo de viver dos homossexuais é coisa de reaccionário, pois já não basta respeitar a diferença, devemos agir como se fôssemos todos iguais. Recuso tal imposição. Admito que este fascínio, tal como o que sinto pelos judeus, resulta sobretudo da atracção natural pelo underdog (homossexuais e judeus foram perseguidos ao longo da História) e de uma associação destas duas condições a manifestações de génio individual, razões em si pouco originais mas plausíveis, que tornam improvável um fundo de homofobia por algum mecanismo psicológico metamorfoseado no seu contrário. 

 

Depois de ter lido com grande prazer The City and the Pillar, de Gore Vidal, li ontem o primeiro conto da trilogia Persona, de Eduardo Pitta, que tem alguns paralelos com o romance de Vidal. Avancei depois para o romance A Cidade Proibida, também de Pitta, que ainda não concluí. O romance foi elogiado na imprensa de referência pela forma directa e crua como Pitta descreve as cenas sexuais. Na prosa de Pitta, as personagens não "fazem amor". Também não "fornicam" e ainda bem, pois é verbo que me deixa a cabeça povoada de coelhos frenéticos. As personagens de Pitta simplesmente fodem, o que se aplaude. A questão que coloco é se Pitta e outros escritores que descrevem as práticas homossexuais não beneficiarão dentro da comunidade largamente heterossexual daquilo que dá aos canhotos alguma superioridade no desporto. Refiro-me à raridade (há um termo técnico na disciplina da Evolução: frequency-dependent selection), que faz com que o adversário canhoto seja um oponente contra quem se tem menos prática, pois geralmente o adversário é destro, e faz com que a descrição da prática homossexual, tão pouco habitual no romance lusitano, nos pareça à partida superior às sopas de peixe com leite de mama de Rodrigues dos Santos ou ao "pénis a pique húmido de sede, grosso de veias, vermelho em flor de Pessanha" de António Lobo Antunes. 

 

25.10.16

 

Terminei entretanto a trilogia de contos Persona e o romance A Cidade Proibida. O livro dos contos traz uma marginália de crítica seleccionada, com a opinião de Miguel Real, Pedro Mexia, Maria Augusta Silva, Jorge Listopad, Fernando Matos Oliveira, Helena Barbas e Edgard Pereira. Pela qualidade, destacam-se os trechos de Fernando Matos Oliveira e Edgard Pereira, mas os críticos são unânimes a reconhecer as qualidades formais de uma escrita "sóbria, irreprensível", com um "ritmo acelerado" e cheia de "pathos autobiográfico e sobredeterminação erótica", bem como a relevância temática destes "contos tão políticos como morais", "marcados pelo arbítrio e abusos de poder", que serão uma "lbertação sem pudor da vertente gay da literatura".  Estas apreciações são extensíveis a A Cidade Proibida, embora sobre este romance seja ainda necessário frisar a exploração das tensões entre a classe média e a alta burguesia, reveladora de uma Lisboa hiperclassista, que para uns será caricatural, mas talvez não para quem conheça as elites - em todo o caso, a sensibilidade de Pitta lembrou-me a estratificação social no Funchal, paralelo que talvez decorra da influência britânica na Lourenço Marques onde Pitta cresceu e na ilha da Madeira. 

 

A prosa de Pitta é "irrepreensível" na medida em que não há uma passagem críptica, nem se apanha uma frase que seja uma cedência ao lirismo, o que não significa que todas as opções sejam indiscutíveis. A começar, temos um "narrador autoritário", talvez em demasia, sobretudo quando em A Cidade Proibida não deixa que a explosão controlada de uma subalterna, que até então parecia tolerar a orientação sexual do patrão, seja feita em discurso directo, substiuindo-se à personagem no relato desse desabafo, o que resulta numa oportunidade perdida. Porque nesse momento o romance atinge o climáx de um dos temas predilectos do autor: a hipocrisia, tanto dos que escondem as suas práticas homossexuais, como daqueles que na aparência nada têm de homofóbico, antes pelo contrário, até ao dia em que estala o verniz. No romance, há ainda uma passagem que soa deslocada, quando a mãe da personagem principal reflecte sobre as consequências da separação provável do seu filho e do namorado, ocasião para Pitta enfiar de calçadeira a discussão sobre a útima fronteira da inclusão social dos homossexuais, i.e., o direito à parentalidade, sem que nada no romance o pedisse e ainda menos quando, en passant, são referidos episódios concretos recentes envolvendo políticos, como o do argumento de autoridade de Francisco Louçã diante de Paulo Portas por apenas o primeiro ter prole. O romance não precisava desse ruído da actualidade. Também o modo lacónico, sem punch, com que Pitta conclui os três contos e o romance deixa o leitor algo frustrado. Mas é verdade que muito antes do fim o leitor já deu a leitura por compensadora, sobretudo no magnífico Pesadelo, o terceiro e o mais longo conto de Persona, cujas primeiras páginas são um prodígio da arte narrativa ao nível da melhor ficção portuguesa que li até hoje, gerindo Pitta a informação como o mais talentoso dos dealers alicia novos clientes com o fiado das doses de droga, sendo o leitor apanhado num vórtex irresistível desde as primeiras linhas. 

 

 

25
Out16

Filhas não são musas


Eremita

Screen Shot 2019-05-03 at 07.00.18.png

fonte

Sem plagiar cómicos como Bill Cosby ou (pub - para stand up hilariante) Louis C.K., será possível escrever sobre os filhos pequenos de um modo que não seja aborrecido? Duvido. Esta dúvida não é metódica, não é retórica (também as há, como as perguntas), não é sequer uma daquelas frequentes dúvidas empáticas vagamente autodepreciativas com que se pretende seduzir o leitor, nem a sua variante descarada que se lança por aí como isco para pescar elogios. Também não será genuína, mesmo ignorando todas as dúvidas falsamente genuínas que corromperam a expressão. É uma dúvida irresolúvel, de quem se conforma com a perplexidade.

 

Posso perguntar vinte vezes às minhas filhas que idade têm, que à vigésima primeira vez o dedinho singular delas no ar ainda me vai alegrar. Mas sei, acreditem que sei como esta rotina prolongada só me diverte a mim, com a possível excepção do avô paterno, um caso preocupante de embevecimento crónico e agudo. O que fazer? Consideremos os limites socialmente aceitáveis do espectro: Doris Lessing referia-se à maternidade como os "Himalayas of tedium"; pelo contrário, Catarina Furtado falava às revistas da sua maternidade com um encantamento a deixar no ar a ideia de que (roubo a expressão a um blogger retirado) não houve outra mãe antes dela. Quem tem razão? Infelizmente, não é a espirituosa Doris, é mesmo Catarina, a menos que estejamos dispostos a abandonar os filhos, como fez a britânica. Eis o paradoxo que faz do baby blog um género condenado, mas sem alternativa. Se somos bons pais, o relato sincero sairá sensaborão, mas ainda assim será mais válido do que desconsiderar os nossos próprios filhos pequenos e a relação que com eles estabelecemos em prosa ácida falsa ou ritualizada pelo humor, escrita para chocar e entreter a burguesia.

24
Out16

Karl Marx


Eremita

Bach,  Robert de Visée ou Weiss? Não se precipitem. O critério é absolutamente deprimente: qual dos três compositores escreveu a música que mais faz pela produtividade de quem a escuta?

 

 

 

 

 

22
Out16

Conversa a sério? Really?


Eremita

Conversa a sério, o blog que reúne uma dream team de programadores e críticos de cultura, tem sido uma enorme desilusão. Sem grande participação dos autores, sem rasgos, sem divulgação de links interessantes e sem um nível particularmente elevado que justifique o conceito elitista de conversa entre iluminados (não é possível deixar comentários), é caso para parafrasear Caetano: se vocês forem em programação e crítica de cultura como são a blogar, estamos feitos.

22
Out16

Vem aí um livro de António Araújo


Eremita

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António Araújo (AA) conquistou-me com uma entrevista ao Expresso no preciso momento em que li "Há História, há ficção, e depois há Fernando Dacosta". Desde então, sou leitor fiel do Malomil. Por isso, dei já instruções ao moço de recados para estar em Lisboa no próximo dia 9 de Novembro e marcar presença na apresentação do último livro de AA. Presumo que AA escreveu um livro na linha de um texto seu sobre a cultura de direita contemporânea (em Portugal). Aqui entre nós, embora admita um possível erro de paralaxe, ninguém me tira da cabeça que a geração mais privilegiada pela História foi a do meu pai, que viveu a guerra colonial e a transição para a democracia, e que as gerações que nasceram já com a democracia, e depois a internet, com a possível excepção de algumas minorias, têm uma História colectiva de merda, sem um único episódio marcante. Daí que escrever a História da minha gente me pareça um trabalho só ao alcance daqueles virtuosos capazes de fazer arte do material mais vulgar. Dito isto, não pode haver tensão entre esquerda e direita quando um livro é apresentado por Ricardo Araújo Pereira (que só em Portugal e nos dias que correm pode passar por representante da esquerda) e Pedro Mexia. 

 

20
Out16

Expresso fantasma


Eremita

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Captura de ecrã 2016-10-20, às 14.02.56.png

 

 

 

19
Out16

Isto é uma confissão


Eremita

Num livro, melhor do que encontrar uma volta-face ou uma figura de estilo originalíssima, só mesmo uma gralha. Na página 64 de Os Cus de Judas (21ª edição, de 2001, Biblioteca de Bolso, Publicações Dom Quixote), lê-se:

 

"She said it's really hot my habit

To intrude

Furthermore, I hope my meaning

Won't be lost or misconstrued"

 

Obviamente, o verso correcto desta canção de Paul Simon é "She said it's really not my habit". Não deve haver mesquinhez menos corrigível do que esta satisfação. Em minha defesa, só posso adiantar que a soma destas pequenas alegrias deve equivaler em intensidade ao sofrimento acumulado que me dão as minhas próprias gralhas, sendo o saldo nulo. Enfim, não será atenuante. Cheguei a pensar que este gozo com as gralhas resultaria da descoberta de uma irregularidade, ou seja, que seria uma alegria virtuosa como a da descoberta científica, com o prazer acrescido de a uma gralha se poder sempre  associar uma história - Saramago explorou esta ideia num dos seus livros; como surgiu o erro? O revisor só gostava de Garkunfel? Uma pedrinha a embater no vidro da janela fez com que tivesse saltado uma linha? A sua libido manifestou-se em lapso freudiano? Mas não há virtude alguma; não me tenho a mim, nem à espécie, em tão boa conta. Em vez de criar de imediato uma ponte de empatia com o revisor do texto que estou a ler, a descoberta de uma gralha num livro já publicado dá-me sobretudo uma sensação de superioridade infantil.

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