Um caso raro
Eremita
Quem, a seguir a António Guerreiro, assina na imprensa lusa os textos mais suculentos ? O implacável Diogo Ramada Curto. Nas página de o Público, o historiador habituou-se a demolir o trabalho dos colegas e não se fica pela arraia-miúda da academia. Há uns dias, en passant acusou Henrique Leitão (prémio Pessoa) de ignorância - e, implicitamente, de desonestidade, pois não se deve escrever o posfácio de uma obra que se desconhece. Esta semana, tendo por pretexto a biografia do sociólogo António Barreto, escrita pela historiadora Maria Fátima Bonifácio, usa a biógrafa como boneco de ventríloco para, com relativa segurança, poder gozar com o biografado, comparando-o a personagens de Eça. Aqui de Ourique, não percebemos se Ramada Curto vai fazendo uns acertos de contas com os colegas, procura quezílias de modo maquavélico ou é simplesmente movido por um espírito corajoso e independente. Em qualquer caso, ganha o leitor.
