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OURIQ

Um diário trasladado

OURIQ

Um diário trasladado

28
Out11

A ribeira não tem marés


Eremita

Pastoral

 

O crítico literário Harold Bloom trata muitos daqueles que o entrevistam por "son". Não sei se é mania que lhe veio da idade, da autoridade ou de ambas, mas soa natural e nada condescendente, apenas amistoso. Pois bem, se todos tiverem direito a trocar os seus cinco minutos de fama por um instante em que se sintam como Harold Bloom, meus filhos, para mim esse momento chegou.

 

[Será um dos textos mais densos do Ouriquense, eu diria até "definitivo"]

25
Out11

Extensão do domínio


Eremita

O Lei Seca tem a melhor constelação de citações que conheço. É uma opinião pessoal, não no sentido redutor e pateta de dispensar uma explicação, mas porque, apesar de me parecer que denuncio uma regra geral, esta terá efeitos diferentes de pessoa para pessoa. A tal constelação de citações encontra-se no universo cultural a um raio suficientemente curto para nos parecer familiar, mas já cheio de zonas obscuras e que, por associação, temos desejo de conhecer. As constelações de todos os outros ficam demasiado aquém ou além para despertar interesse. Um exemplo:

 

(...) At this point, one might be thinking: enter the young men, stage right. But our new batch of young or youngish male novelists are not dreaming up Portnoys or Rabbits. The current sexual style is more childlike; innocence is more fashionable than virility, the cuddle preferable to sex. (...)

The younger writers are so self-­conscious, so steeped in a certain kind of liberal education, that their characters can’t condone even their own sexual impulses; they are, in short, too cool for sex. Even the mildest display of male aggression is a sign of being overly hopeful, overly earnest or politically un­toward. For a character to feel himself, even fleetingly, a conquering hero is somehow passé. More precisely, for a character to attach too much importance to sex, or aspiration to it, to believe that it might be a force that could change things, and possibly for the better, would be hopelessly retrograde. Passivity, a paralyzed sweetness, a deep ambivalence about sexual appetite, are somehow taken as signs of a complex and admirable inner life. These are writers in love with irony, with the literary possibility of self-consciousness so extreme it almost precludes the minimal abandon necessary for the sexual act itself, and in direct rebellion against the Roth, Updike and Bellow their college girlfriends denounced. (…)

They are good guys, sensitive guys, and if their writing is denuded of a certain carnality, if it lacks a sense of possibility, of expansiveness, of the bewildering, transporting effects of physical love, it is because of a certain cultural shutting down, a deep, almost puritanical disapproval of their literary forebears and the shenanigans they lived through. (…)

It means that we are simply witnessing the flowering of a new narcissism: boys too busy gazing at themselves in the mirror to think much about girls, boys lost in the beautiful vanity of “I was warm and wanted her to be warm,” or the noble purity of being just a tiny bit repelled by the crude advances of the desiring world. (…) 

Compared with the new purity, the self-conscious paralysis, the self-regarding ambivalence, Updike’s notion of sex as an “imaginative quest” has a certain vanished grandeur. (...)
21
Out11

XX


Eremita

 

 

Jonh Coplans

 

2.06.08 A fauna dos ginásios inclui os "flamingos". Aprendi que os "flamingos" são os tipos que trabalham muito a musculatura acima da cintura, ficando com pernas muito menos trabalhadas do que o resto do corpo. São figuras que fazem do caricaturista um hiper-realista e uma manifestação somática do centralismo dos órgãos de decisão, isto é, da cabeça. Ou o corpo como triunfo grotesco da vontade.

 

 

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Decidi não publicar as últimas 5 entradas do período que antecedeu a minha vinda para Ourique e em que frequentei um ginásio. São demasiado urbanas e perturbam o espírito do Ouriquense. Mas continuo esta série sobre o corpo, agora em relato directo, aqui de Ourique. Preciso de o fazer. Ainda há dois dias, quando via um filme com o Clint Eastwood, senti uma vontade irreprimível de escrever sobre os braços e o torso do homem. Enfim, serão fraquezas, mas a superação tem limites. Entretanto aconteceu o seguinte: o peso flutuou uns 6 Kg, ganhei sinais, perdi sinais, fiz uma queimadura com o ferro de engomar no antebraço esquerdo, sofri uma dor de costas na região lombar que se prolongou durante semanas e me incomodou sobremaneira nas idas a Espanha, continuaram as visitas da otite residente no ouvido direito, as gengivas por vezes sangraram, os pés mantiveram-se desgraçadamente secos e deformados e tratei uma cárie. Não havendo sinais de rejuvenescimento, nem por isso envelheci muito nos últimos três anos. 

19
Out11

O Judeu de Ourique distancia-se: é asquenazita


Eremita

A vasta biblioteca do Judeu é surpreendentemente parca em obras sobre o judeus. Ainda falta explorar algumas prateleiras, mas até agora apenas encontrei a Breve História dos Judeus em Portugal, de Jorge Martins, que li nos últimos dois dias. A parte sobre os marranos de Belmonte e arredores é comovente: 

Até que, certo dia em que [Samuel Schwarz] dialogava com a hazan (sacerdotisa) de Belmonte, esta o desafiou para provar que era realmente judeu, citando uma oração judaica. Pouco convencido de que ela entenderia a língua hebraica, recitou a oração Shemah Israel. E foi a palavra Adonai, que as mulheres identificaram imediatamente, que lhe abriria verdadeiramente as portas da comunidade, permitindo-lhe assistir às cerimónias judaicas secretas dos cristãos-novos de Belmonte. 


 


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