Dactilografia
Eremita
Curiosidades do mundo da tecnologia
Quando se aprende a dactilografar, há uma tendência para se ir escrevendo cada vez mais depressa, até se atingir um limite definido pelo treino e pelas nossas capacidades físicas e mentais. Nos primórdios das máquinas de escrever, limitações mecânicas desaconselhavam débitos de palavras por minuto muito elevados, porque as agulhas não conseguiam recuar com a rapidez necessária para evitar que ficassem encravadas umas nas outras. Mas como não se pode pedir a um indivíduo que modere a sua tendência para a execução rápida, a solução encontrada foi arranjar as letras de um modo que dificultasse a dactilografia, maximizando-se a eficiência dactilográfica pelo paradoxal efeito propositadamente dificultar o débito de palavras. Com o passar dos anos, a mecânica possibilitou um aumento da velocidade máxima, mas o teclado não se modificou porque a tradição é muito forte. Assim, os actuais teclados são um anacronismo do tempo em que a mecânica das máquinas de escrever não era compatível com velocidades de dactilografia muito altas.
Ler uma pessoa muito nova e muito inteligente é como observar uma experiente secretária que tivesse aprendido a escrever numa máquina antiga com a disposição de teclas optimizada para a velocidade mais rápida possível. Percebe-se o génio da pessoa nova mas repara-se antes na segurança com que anuncia as suas reflexões, como se a Terra não tivesse até então sido habitada por alguém capaz de tais raciocínios. Percebe-se também o virtuosismo da dactilógrafa, mas o texto sai cheio de borrões e emendas porque as agulhas estão sempre a encravar-se. Em teoria, há duas soluções possíveis. A pessoa nova muito inteligente poderia mostrar-se mais modesta e a dactilógrafa poderia abrandar voluntariamente a sua velocidade máxima, mas na prática esta solução não funciona. O que funciona mesmo é a artrose e o envelhecimento, respectivamente..