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OURIQ

Um diário trasladado

OURIQ

Um diário trasladado

26
Set08

Pausa I


Eremita

Vou mesmo acampar diante da ribeira, à espera das águas de Outubro. Regressarei com o mau tempo. 

 

 

25
Set08

...


Eremita

Os blogues colectivos só têm dois interesses: saber quando a equipa se vai zangar e tentar adivinhar quem é o escriba antes de chegar ao fim do post. Sinto-me orgulhoso. Li "A liberdade de voto concedida com base no argumento de que a matéria em discussão é uma questão de consciência levanta problemas curiosos" e adivinhei que se tratava de Eduardo Nogueira Pinto. Nem sequer é uma frase idiossincrática, mas eu percebi logo que só podia ser dele. Não me peçam explicações. Eduardo Nogueira Pinto é a pessoa de direita que pensa melhor na blogosfera sobre as questões que me interessam. Por entraves deontológicos, não vou aqui discutir o argumento do post, pois um blogue anónimo serve para a introspecção e não para a interpelação.

25
Set08

...


Eremita

Não tenho lido, não tenho escrito, não tenho sequer bebido o gaspacho do Pingo Doce. Cheguei agora a casa e passei a tarde de pernas cruzadas numa laje ampla como um dólmen, de olhos postos no leito seco da ribeira do Cotovio.  Como se enche uma ribeira? Será que a água corre no sentido da foz como uma lenta  vaga que se espraia por quilómetros e quilómetros? Será que lá em Espanha abrem as comportas de uma represa e vem aí um turbilhão de água castanha que arrasta ramos secos, lixos e até uma incauta rã? Ou será que a água das chuvas vai formando muitas poças e que uma ribeira mais não é que um conjunto de poças unidas por água por todos os lados? Não faço a menor ideia e isso entristece-me. Teria de mentir a um filho, porque uma criança seria capaz de perguntar logo o que já não me ocorria há 30 anos. Também me entristece perceber que acabou o Verão. Talvez volte amanhã para aqui. Ou então todos os dias, até perceber como aparece a água da ribeira. Mas se a ribeira se enche de noite, enquanto durmo, o que dizer à criança? Dizer-lhe talvez que a água brota do chão. Não é essencial dizer sempre a verdade a uma criança, o essencial é a qualidade da mentira. 

24
Set08

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Eremita

Ainda vou ouvindo alguma TSF. Hoje, na retransmissão do Pessoal e Transmissível, o escritor israelita David Grossman diz que entre os americanos e o seu presidente há mais camadas do que no sistema israelita e reforça a ideia acrescentado que nos EUA a coisa está mais "buffered". O tradutor optou por usar o termo "biombos". Ora "buffered" significa que algo diminui o impacto ou então - é a herança da química - que algo minimiza os efeitos de uma qualquer perturbação. "Biombo" não capta esse sentido. Um biombo apenas oculta algo. Foi a primeira vez que me apercebi de uma má tradução no programa de Carlos Vaz Marques, que oiço há anos. Uma tradução sensata seria o termo " amortecedor". E uma tradução literal, inspirada na terminologia da química e passível de despertar alguma risota, seria dizer que a América está tamponada*. 

 

 *Ver o segundo comentário. Antes escrevera "tamponizada", o que também é passível de despertar alguma risota.

24
Set08

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Eremita

"Sem falar dos fãs: homens feitos, alguns casados, que continuam a acreditar que um super-herói em pleno vôo compensa todas as ereções falhadas". João Pereira Coutinho

 

Limito-me hoje a coleccionar os maus momentos de João Pereira Coutinho. Para quem o acompanhe há mais de 8 anos a única surpresa possível são as suas raras piadas que falham e o seu por vezes profundo mau gosto. Vejo nisto o reverso da prova de que se trata de um cronista genial. Citamos o que se destaca num texto. Como os textos de JPC são um bloco sólido, só podemos mesmo reparar na ocasional brecha. 

 

 

24
Set08

...


Eremita

"What changed? The historians point their fingers at the middle classes. With the aristocracy declining in the wake of the French Revolution and subsequent upheavals, the bourgeoisie increasingly took control of musical life, imposing a new conception of how concerts should unfold: programs favored composers of the past over those of the present, popular fare was banished, program notes provided orientation to the uninitiated, and the practice of milling about, talking, and applauding during the music subsided. To some extent, these changes can be explained in anthropological terms: by applauding here and not applauding there, the bourgeois were signalling their membership in a social and cultural élite". Why so serious?

24
Set08

Cine Dia


Eremita

 

Ewan McGregor é um actor prolífico  e apenas conheço uma fracção do seu trabalho. Mas em pelo menos 3  filmes, McGregor representa essencialmente a mesma personagem, alguém que passa grande parte da história a gerir um grave conflito moral. É assim em Cassandra's Dream (2007), Young Adam (2003) e Rogue Trader (1999), filmes em que as falhas da personagem são, respectivamente, um assassínio, uma morte não evitada por conveniência (seguida da acusação de um inocente) e o afundamento do Barings Bank devido à actividade de especulação de um único homem. McGregor tem sempre a mesma expressão de angústia e ansiedade. Ora, estes crimes têm diferentes molduras penais, mas é verdade que o rosto de um faltoso não conhece as subtilezas da proporcionalidade. Nesse sentido, McGregor assina grandes papéis. 

 

 

23
Set08

Correio dos leitores


Eremita

 

"... ainda que me pareça que a sua prosa não reflicta Ourique. Para si, Ourique será quanto muito um "lugar" reinventado - um palco surrealista - onde vivem músicos, filósofos e nova-iorquinos e Tatianas. E de melting pot Ourique nada tem. Infelizmente."

 

 Vitor Encarnação

 

 Caro Vitor,

 

 O músico era um velho que tocava uma viola campaniça. Não me recordo de ter escrito sobre filósofos, embora no cine haja uns fulanos que fumam como intelectuais - compreenderá que não lhe posso revelar a nossa morada nem a hora e dia dos nossos encontros. O nova-iorquino sou eu (no sentido em que já lá vivi). Sobre a Tatiana - no singular, se me permite -  prefiro não me pronunciar, mesmo se perco o olho negro que seria uma bela prova de verosimilhança - de resto, reparei que o Vitor teve o bom senso de não insinuar que o Igor também é invenção.  De melting pot deixe-me dizer-lhe que Nova Iorque pouco tem. Infelizmente. 

 

 Cumprimentos,

 

 EdP

 

Pág. 1/6

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