Rui Tovar
Eremita
Rui Tovar ensinou-me uma palavra, um adjectivo pátrio. Se a Hungria jogava, antes do primeiro golo era seguro que Tovar dissera "magiar" um bom número de vezes. É curioso que não consiga associar a aprendizagem de mais nenhuma palavra do meu vocabulário a uma pessoa em concreto. Não aparecem os pais, não aparecem professores, não aparecem amigos mais velhos, não aparecem escritores. E ainda são órfãs aquelas palavras que se destacam na memória por surgirem numa altura em que já não se aprendem muitas; palavras como "pérgula" e "proselitismo" vieram tarde mas não sei bem de onde. Só aparece mesmo o Rui Tovar.
Prometo reescrever isto. É óbvio que estamos perante material para alguns parágrafos e a pedir como ilustração a fotografia de um trenó atirado para uma fornalha. Mas agora não há tempo, vou para o Cotovio ler o Pais e Filhos.
Adenda: na verdade, após um intenso esforço de memória, descubro que "pérgula" foi-me ensinada por uma namorada. Onde antes havia só o Rui Tovar, há agora também a namorada - mas a observação inicial até sai reforçada, pois é desconcertante que Rui Tovar tenha precedência sobre a namorada.