Faz mais de um ano que não durmo com uma pessoa. Espero que seja como andar de bicicleta. Refiro-me exclusivamente ao acto de dormir e não ao acto de ir para a cama acompanhado. Tenho receio de ter acumulado manias poucos sociais no meu sono por vigiar. É possível que ressone agora mais alto, que dê mais voltas na cama e pontapés, que a flatulência fique aprisionada pelo edredão e o tamanho das unhas dos pés seja incompatível com a presença de uma barriga da perna alheia. Como testar estas possibilidades? Ou peço ao moço de recados que me vigie de noite, dando razão às suspeitas de Luiz Pacheco sobre a homossexualidade latente do Ouriquense, ou filmo o meu sono com a câmara programada e montada sobre um tripé. A segunda solução é mais segura, mas não sei de ninguém a quem pedir a câmara e se comprar uma fico sem dinheiro para comer.