Cristas e a rapaziada do comentário político
Eremita
Seguia para Garvão, liguei o rádio, ouvi a Cristas. Retórica vaga, cheia de democracia cristã, com a inevitável referência ao mar e a pedir o impossível, isto é, o cargo de primeiro-ministro, apontando as baterias ao PSD, o animal ferido. Desde Lucas Pires que o CDS não tem uma oportunidade tão boa para crescer e Cristas só podia ter feito o que fez, mas os profissionais do comentário político resolveram repreendê-la. Marques Mendes, Dupond (Adão e Silva) e Dupont (Marques Lopes), e o nosso incansável senador, entre a condescendência, bazófia e partes por milhão de marialvismo, quiseram pôr a mulher no seu lugar, que não será a cozinha, mas anda perto. Esta reacção colectiva é um caso bizarro de deformação profissional do bom senso, pois ninguém mais interpreta à letra o objectivo de Cristas; faz parte dos discursos de campanha política só admitir como cenário a vitória. Mas é uma reacção que prova a inteligência e competência de Cristas. Quando Mendes, Adão e Silva, Marques Lopes e Seixas da Costa, que são os canários do nosso sistema político, as vozes do status quo, reagem contra ela como uma frente unida, sabemos que o CDS vai captar não só votos ao PSD, mas conquistar mulheres e muitos abstencionistas desiludidos com as elites políticas.