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Eremita
Há anos que a doutrina se divide quanto à relação de causalidade entre a crise económica iniciada em 2008 e o aumento do suicídio em Portugal. O valor de 2014 é difícil de comparar com os anteriores porque nesse ano "a metodologia de apuramento de dados passou a ser diferente com o novo sistema de certificados de óbito electrónicos (antes a recolha era feita em papel)". Agora sabemos que em 2015 e sobretudo em 2016, anos em que se utilizou a mesma metodologia de 2014, houve uma redução considerável, o que reforça a hipótese de que a crise económica levou a um aumento dos suicídios. Seria bom que algum jornalista fosse pedir um comentário ao secretário de Estado e Ministro da Saúde do Governo de Passos, Fernando Leal da Costa. Seria também esclarecedor perguntar a Paulo Rangel, tão assertivo no nexo de causalidade entre a incompetência do Governo de Costa e os mortos de Pedrógão, o que pensa destes números. Mas podemos depois elevar o debate acima da luta partidária e da fulanização, para pensarmos por que motivo, como arma de arremesso na política, um suicida vale infinitamente menos do que uma vítima mortal de uma tragédia.