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OURIQ

Um diário trasladado

OURIQ

Um diário trasladado

30
Jun16

O grão de areia na engrenagem


Eremita

 

Nos últimos tempos, tenho ouvido alguns intelectuais públicos brasileiros, sobretudo através do Youtube. A motivação inicial foi a crise política que o Brasil atravessa, mas agora escuto apenas palestras sobre História e Filosofia dadas por esses intelectuais para o grande público. Não confirmei a minha conclusão com brasileiros, mas arrisco afirmar que quatro intelectuais dominam este universo muito particular: Mário Sérgio Cortella, Clóvis de Barros Filho, Leandro Karnal e Luiz Filipe Pondé. São todos homens de vasta cultura e eloquência, com idiossincrasias: Cortella, um grande contador de histórias, periodicamente remata a frase subindo a última sílaba um tom, o que dá uma musicalidade especial ao seu discurso; Clóvis é o mais histriónico e adora os crescendos retóricos; Pondé, o típico intelectual de direita que quer retirar à esquerda o monopólio da virtude. Dos quatro, o mais fascinante é Karnal - e não apenas pelo apelido. Este professor de História, que parece ter lido todo o cânone ocidental literário e filosófico, dá umas palestras com um apuro formal que é raro encontrar, inclusive entre professores da Ivy League americana ou do Collège de France. A mensagem impressiona-me menos, sobretudo nas palestras em que Karnal perora sobre ética como um pastor laico ou sobre redes sociais como se não estivesse apenas a dizer banalidades embrulhadas em jargão da sociologia ("modernidade líquida" e afins). Mas mesmo nessas palestras a sua técnica impressiona: domínio total da plateia, gestão dos silêncios, humor cirúrgico, pensamento encadeado, factos transmitidos com grande segurança e no limite do que começaria a ser uma exibição gratuita. Como a língua materna nos protege das comparações com pessoas mais eloquentes do que nós que se expressam noutro idioma, para o meu fascínio contribuía ainda o facto de Karnal falar em português. Não contribui mais? Hesito. Esta semana, ouvi Karnal (ver este vídeo a partir de 1' 41'') a descrever Edward Said, o famoso orientalista, como um "professor em Londres". Não é verdade, pois Said foi professor na Columbia University, em Nova Iorque. O erro é irrelevante, tanto para a tese que Karnal expunha como para a ordem mundial, mas a imagem de infalibilidade que este historiador construiu funcionou como uma caixa de ressonância que deixou este erro a ecoar na minha cabeça. Subitamente, a grande cultura de Karnal deixou de se confundir com o cosmos e passou a corresponder à soma de tudo o que ele sabe com tudo o que pensa que sabe e tanto ele como eu desconhecemos. Naturalmente, sendo esta segunda parcela imensurável, torna-se incomensurável. E não há uma deontologia do fã que nos guie nestes momentos difíceis. 

27
Jun16

Uso de pronomes


Eremita

Sobre o uso dos pronomes, há três tipos de pessoas: as que os utilizam bem, as que os utilizam mal com a noção ou suspeita de que estão a cometer um erro e as que erram seguras de que estão certas. Esta série de exemplos vale bem a pena estudar, pois trata-se provavelmente do maior pontapé que andamos (quase todos) a dar na gramática. 

21
Jun16

Uma solução


Eremita

 

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Tentarei não abusar da meta-escrita, mas convém fixar uma ideia sobre a série "Canhotismo", que conta a educação política de Julião e também poderia ter por título "A Federação das Minorias" ou "O caminho de um radical". A série será um pretexto para ir comentando a actualidade política, uma tentação que venho sentindo há algum tempo e precisava de ser neutralizada de algum modo, isto é, com censura ou ficção. 

 

 

20
Jun16

Cadeira do tombo


Eremita

Nós já sabíamos que as bebés, projectando as costas contra o encosto, repetidas vezes e violentamente, conseguem deslocar para trás a cadeira das refeições. A cada movimento, a cadeira recua um centímetro ou algo assim. Vamos precipitar o evento: o chão da sala de jantar está um degrau acima da sala de estar e do escritório, comunicando todas as divisões em open space, sem portas, e há uns dias, a L., sempre atenta e atarefada, disse-me para olhar pelas bebés (que estavam nas cadeiras e se se aproximassem do degrau poderiam tombar) o que fiz durante alguns minutos, até a L. me pedir também para talhar a melancia na cozinha, que está separada da sala de jantar apenas por uma bancada. Enquanto talhava a melancia, ouviu-se um grande estrondo. A L. percebeu logo e correu para a sala. Eu demorei e só depois veio o calafrio pela espinha. A L. apressou-se a tirar a bebé da cadeira, que estava por terra. A bebé berrava e a outra bebé juntou-se à berraria. As duas miúdas da L. mexiam-se com aflição de um lado para o outro, a L. dava colo à M., inspeccionando-lhe a cabeça, e eu rondava mãe e filha, acariciando qualquer parte do corpo de M. que estivesse à mão, e sentia uma vontade enorme de pegar na minha bebé. Por sorte, pura sorte, bendita sorte, a M. chorava apenas pelo susto e parecia ter saído do acidente imaculada. Já estava mais calma quando lhe pude pegar para que ela me consolasse. 

 

Pensámos imediatamente em formas de prevenir acidentes futuros. O raciocínio ia veloz. Por fazer: anular os desníveis, desmantelar a salamandra, pôr trincos especiais em todas as janelas e esticar umas redes, forrar os vértices e as arestas com borrachas, almofadar todas as superfícies, enfim, transformar a casa numa daquelas salas acolchoadas das alas de psiquiatria. De noite, no escuro, na cama, tentei de cabeça exercícios de física newtoniana que justificassem a ausência de traumatismo craniano e não era para excluir formalmente a possibilidade de um milagre e poder manter uma visão materialista do mundo, era mesmo para adormecer. Concentrei-me no momento do embate no chão, já depois de a cadeira ter descido o degrau e tombado, imaginando as forças de acção e reacção sobre o corpinho da M. e a sua cabecita, e estimando a relevância do encosto almofadado e dos 9 kg da bebé para aquele desfecho feliz. Assim adormeci e depois a vida prosseguiu. Só hoje, vários dias após o acidente, enquanto recordava o episódio para o descrever, reparei que na altura não acusei a culpa, creio que por causa da adrenalina, e que  a L. não fez me nenhum reparo, creio que por piedade. 

 

As famílias tendem a evitar falar da morte trágica de um dos seus, mas nas famílias sem mortes trágicas nas duas ou três últimas gerações são muito populares as histórias que quase terminaram em tragédia. Na minha famíia, por exemplo, conta-se que quando eu era bebé estive quase a cair ao mar quando o marinheiro que me segurava e se preparava para me passar para terra segura foi surpreendido pela ondulação e o barco de repente se afastou de um dos cais de São Jorge, nos Açores. Que a história do tombo na cadeira, talvez com outro nome para garantir o suspense, não seja substituída por nenhuma outra e tenhamos o privilégio de a contar sempre que nos pedirem. 

18
Jun16

Vergílio Ferreira #1


Eremita

Muitos anos depois, voltei a pegar no volume Escrever, de Vergílio Ferreira, que reúne mais de trezentas pequenas reflexões provavelmente escritas pelo autor poucos anos antes de morrer. Até agora, registo duas impressões. A primeira: a prosa é pouco cuidada, com pontuação deficiente e um abuso da conjunção "mas" que fere o leitor e faz de certas passagens uma amálgama de adversativas; convém lembrar que a publicação é póstuma e, apesar do esmero do editor Helder Godinho, nunca saberemos se seria aprovada pelo escritor. A segunda: Schopenhauer só permanece como o exemplo máximo do escritor pessimista porque a obra de Vergílio Ferreira não se internacionalizou. 

 

Nota: o nome desta série com curtas impressões de leitura é roubado da série de diários de Vergílio Ferreira, um escritor muito lido pelo meu pai. 

18
Jun16

Bons Encontros


Eremita

Saúdo cordialmente o blog Bons Encontros, pois não há nada mais agradável do que uma picardia com alguém que escreve com a arrogância de um jovem adulto e a ortografia de um adolescente.   Mas para que isto não seja só reinação, sugiro que vá entremeando os insultos elaborados com links úteis. Como encontrar o blog da Palmira? E a que acusações de plágio se refere? A frequência da acusação de plágio é proporcional à fama do acusado e se não apresentar a alegada cópia e o original será apenas uma calúnia. 

 

17
Jun16

Meritocracia no café


Eremita

Quando, em Lisboa, ainda perseguia aquilo que se entende por uma "carreira", nas discussões entre colegas a dois, que é o número mais propício para as confissões e os desabafos, os colegas com sucesso nunca eram vistos como os melhores. Para explicar o seu sucesso, invocava-se a sorte e características algo tangenciais à corrupção moral, sendo frequente a expressão "sabe vender o peixe". Menos frequente, mas muito reveladora, era a acusação de que eles seriam "demasiado ambiciosos". Ninguém, mas mesmo ninguém, dizia que fulano teve sucesso por ser muito inteligente e criativo, as qualidades mais apreciadas na minha área. Ninguém. Estivesse o dia soalheiro e a pessoa chegasse ao café animada por um sexo matinal inesperado e muito satisfatório, talvez fosse capaz de dizer que o fulano de sucesso era "muito organizado" e "trabalhador", mas embora estas sejam características a que na minha área todos reconhecemos importância, a primeira não arrebata e a segunda tem o travo dos elogios consoladores, como quando se diz de uma rapariga que é "muito simpática". Aqueles tidos como os melhores pelos colegas, os inteligentes e criativos, eram, invariavelmente, pessoas condenadas por um sistema "perverso" ao falhanço ou, pior ainda, à mediania. E a ninguém ocorria a possibilidade de o outro com quem trocávamos ideias estar a pensar precisamente o mesmo que nós, isto é, que ele nos parecia algo invejoso. 

17
Jun16

Um gay para o Ouriquense


Eremita

[republicação]
 
Para não perturbar a paz social, tenhamos bem presente que "um gay para o Ouriquense" difere de "um gay para Ourique". Trata-se de incluir um gay neste enredo, se possível sem aumentar o número de personagens. Somos particularmente avessos às grandes sagas familiares que pedem árvore genealógica como auxiliar de leitura, bem como a exibições de grande fulgor - Proust precisava mesmo daquela lista interminável de personagens e figuras reais? Por outras palavras, impõe-se a reciclagem, de preferência escolhendo uma personagem de orientação sexual indefinida, a bem da coerência narrativa. Vejo, à partida, três possibilidades: Jaime, o moço de recados, Gaspar, o rapaz do cineclube, e Adriano, o filho do Judeu. Mas Jaime tem algumas limitações cognitivas, o que complica a construção da personagem e não permite aproveitar plenamente a orientação sexual alternativa. De modo que sobram Gaspar e Adriano, o filho do Judeu. Hesito entre atirar a moeda ao ar ou assumir que "Adriano", um nome escolhido ainda antes de ter sentido a necessidade de uma personagem homossexual, foi uma escolha presciente, pois o nome é esmagadoramente gay.  post de 16.06.2013
 
Adenda: três anos depois, a escolha parece-me óbvia. Gaspar mantém a heterossexualidade (embora não a pratique) e Adriano será o nosso homossexual instrumental. Neste momento, isto é, a 17 de Junho de 2016, Adriano é um homossexual assumido em Lisboa mas ainda não contou ao pai, com quem costuma estar em Ourique de domingo a terça-feira (para não perder as noites de sábado). 
15
Jun16

Reforma Agrária


Eremita

De certa forma, fiz o Ouriquense porque não me sinto com estofo para escrever um romance centrado na Reforma Agrária que não soasse a neo-realismo recauchutado com pastiches de Levantado do Chão. Mas vou juntando papéis devagar, muito devagarinho, e quase parece que olho para a reforma e a velhice com a mesma ilusão de eternidade que o estudante durante a época de exames sente ao chegar a noite. Enfim, vou criar uma série e uma secção de links sobre o tema na coluna da direita, e qualquer leitor com algo para contar - de uma sugestão de leitura a uma história pessoal - fica desde já convidado a usar o correio ou a caixa de comentários. 

 

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"Chega a Portugal e começa a fazer campanha, no início de 1975, e vai para o governo como secretário de Estado do Comércio Externo. Mas é como ministro da Agricultura de Mário Soares que faz a lei da Reforma Agrária. Foi para pôr cobro às ocupações que passou para ministro da Agricultura?

Já tinha um ano de governo, no último provisório, do Pinheiro de Azevedo. Acho que fui convidado porque tinha feito vários trabalhos para o Mário Soares e para o Partido Socialista. Tinha publicado um livro pequenino sobre política económica externa e aquilo tinha ficado na cabeça do Mário Soares e do Jorge Campinos. Ao fim de um ano, passei a ministro do Comércio. O maior problema do governo, tirando o financeiro, que estava entregue a Medina Carreira, era a pasta da Agricultura. Era suposto acabarem as ocupações, devolver reservas que não tinham sido devolvidas.

Era demasiado próximo do PCP, o ministro [Lopes Cardoso]?

Ou outra coisa: ele não queria recorrer aos meios legais, não queria fazer uma lei diferente. Metade das ocupações não estavam de acordo com a lei. A lei visava as terras abandonadas mas as que foram ocupadas eram as melhores, está se bem a ver porquê! E as ocupações continuavam.

Aliás, financiadas pelo Estado.

Sim, pelo Banco de Portugal, pela banca e pelo Ministério da Agricultura. Quando o Soares me convida, a intenção era pôr ordem naquilo.

Depois de aprovada a lei na Assembleia da República, Mário Soares retira-lhe o tapete?

O Mário Soares nunca foi ao Parlamento durante essa discussão. Estavam lá todos: os conselheiros de Estado, o Conselho de Revolução, os partidos todos, havia filas até à Rua de São Bento. O Mário Soares nunca lá pôs os pés. O Mário Soares não gostou do excesso de popularidade, dos apelos à Direita, das pessoas que no Partido Socialista estavam contra. Ele ia precisar dali a dois meses do apoio do PCP para aprovar o Orçamento.

Foi instrumentalizado por Soares?

Não. Ele acreditou em tudo até ao dia em que achou que tínhamos de mudar.

Pode-se dizer que a sua ação política é dominada pela vontade de contrariar os desígnios do PCP em Portugal?

É o maior paradoxo da minha vida. Até 1975, eu queria fazer a reforma agrária. Distribuir a terra. O que acabei por fazer foi devolver a terra a quem ficara sem ela. Ainda hoje assumo as razões porque fiz isso. Era mais importante haver Liberdade em Portugal do que haver reforma agrária. Não estou nada arrependido, mas é um paradoxo da História. Foi o contrário do que esperava fazer.

Como reagiu, e a sua família, às pichagens pelo País inteiro com mensagens como “Morte ao Barreto”, “Morte à Lei Barreto”?

Eu não desgostava que houvesse essas coisas todas nas paredes. Era sinal de que eu tinha tocado em alguma coisa de importante, de essencial. Posso-lhe dizer que saí várias vezes, de jeans e de camisa, à noite, para ir fotografar as pichagens. Até achava mobilizador, porque pensava que as pessoas que não eram comunistas acabariam por reagir. Eles exageraram, exageraram contra eles próprios. Custou- -me a parte familiar, eles terem ameaçado os meus pais e os meus irmãos. E as bombas. Duas semanas depois de ocupar a pasta da Agricultura, puseram seis bombas pequeninas em centros da reforma agrária. Não houve feridos, apenas uma senhora que levou com um estilhaço, mas era para intimidar." Entrevista a António Barreto (Visão, 4.6.2016)

15
Jun16

...


Eremita

Tema

 "Publish or perish"

Variações

 

Publish and perish: a publicação leva à exaustão física e/ou moral; os registos oficiais subestimam estes casos.

 

Perish and publish: pela mão de parentes próximos ou amigos, a obra ganha pertinência após a morte do autor; há exemplos famosos.

 

 

Pág. 1/2

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