Ou as 24 horas de Lisbonne
Mandei o rapaz ver Rei Édipo, mas é o relato das trepidantes 24 horas depois da peça que importa contar. Lembra o After Hours de Scorcese, só que sem Nova Iorque e sem os anos oitenta. Preciso de algum tempo para compor as frases, mas há álcool (Maker's Mark), há paixão (uma jovem surfista anónima com os cabelos ao vento na zona da rebentação da praia de Paço de Arcos), há chispes e couratos, há crime (um carteirista magro e a máfia ucraniana), há vernáculo, há multiculturalismo (entre as 4 e as 5 da manhã o rapaz ficou preso numa carrinha de distribuição de fruta conduzida por chineses, embora sem uma única lechia entre laranja normalizada e maçã reineta), há sexo e fetichismo com massa de fazer pão (a morada do padeiro será fictícia), há um guarda nocturno que fala por adágios, há toda a infinidade que cabe em 24 horas.