Sonhei que Chibanga urinava contra uma parede, vestido de luzes, e que eu me aproximava dele para conviver urinando. Entabulámos uma conversa demasiado longa para o volume das nossas bexigas, mas a urina parecia vir directamente do reservatório de água da vila, pois não havia forma de acabar. A dada altura faltou-nos assunto, o Chibanga começou a desenhar os círculos dos Jogos Olímpicos no chão de terra e eu, que topara a ideia ainda ele não havia acabado o segundo dos de cima, comecei logo a fazer os dois da parte inferior. Quando ele concluía o seu terceiro e eu o meu segundo, a nossa urina cruzou-se pela primeira vez. Foi apenas um instante e a trajectória da urina de um e outro quase não sofreu desvio, só que eu senti uma impressão - coisa psicossomática - e o Chibanga também ficou perturbado. Logo a urina de ambos deixou de jorrar e nos despedimos atabalhoadamente, indo cada um para seu lado. O símbolo dos Jogos Olímpicos ficou incompleto e o rafeiro que depois passou por lá apenas esgravatou um dos círculos. Não arrisco uma interpretação.